Talvez seja amor...
Apesar dos vários livros que estão por ler, decidi pegar de novo no Memorial do Convento. É verdade. A cada nova leitura apercebo-me de coisas novas. Por exemplo, que somos um país pioneiro em muitas coisas que agora são moda. Devíamos receber o crédito por isso. Entre elas está o uso das burcas: "Pelas ruas de Lisboa, cheias de mulheres que vestem por igual, com os seus biocos, a saia de cima pela cabeça, uma nesga apenas a abrir para o sinal de olhos", no positivismo, na arte de ver alegria em tudo: "outra assada viva (...) diante das fogueiras armou-se um baile", bondage e sadomasoquismo: "vai sair a procissão de penitência (...) pareceu que faltou vigor ao braço do penitente ou que a vergastada foi em jeito de não abrir lanho na pele e rasgões que cá de cima se vejam, então levanta-se do coro feminil grande assuada". O meu objectivo é não ficar com os olhos húmidos como aconteceu da última vez. Os últimos capítulos são aquele sofrimento, mas ainda vou no início na parte em que a Blimunda explica porque tem de comer o pão. Ah, tantas razões para amar este livro...Vou lendo com calma, marcando as passagens, lendo outras coisas pelo meio. Há livros que quero reler: da última vez que contei eram tantos que dava para não ler nada novo durante um ano. Não é tanto por não me lembrar das histórias, mas pelo prazer que é voltar a eles.