A leitora tenta manter o ânimo
(Imagem tirada daqui)
Então, já terminei de fazer a contagem de quantos livros li o ano passado. Já estava preparada para o desapontamento e para o embaraço de ter de escrever sobre isso aqui, não precisava de o fazer claro - nem tenho o hábito de revelar quantos livros li pois nunca achei que isso fosse muito importante. Mas um blog não está só aqui para quando vocês lêem para cima de oitenta mas também para quando lêem só trinta e três como foi o meu caso. Estava mesmo pronta para derramar uma lagrimita e rogar pragas ao tempo que passei encolhida na cadeira a ver pessoas a jogarem coisas por duas horas seguidas (posso ter ou não feito exactamente isso na semana passada)
Mas a contagem revelou outros dados: o número de autoras foi muito superior. Isto não é grande surpresa, ainda assim ter lido cinco autores é mais que o ano anterior - e provavelmente mais do que o anterior a esse. Que culpa tenho se há tantas escritoras interessantes por aí? Pelo menos não os escolhi mal, pois três desses levaram cinco estrelas [não falamos sobre o Giovanni's Room], na verdade isto foi algo que superou as expectativas no geral: dezasseis livros levaram cinco estrelas! Seis levaram quatro e outros seis três estrelas. Não tenho problemas em dizer que não gostei de algo, mas quando gosto não sou forreta.
O ano começou com a releitura de O Dia dos Prodígios que é um dos meus livros favoritos e com um livro de contos da Silvina Ocampo, tendo terminado com cinco leituras que também colocaria no top. Um outro detalhe está relacionado com os países. No fim do desafio da volta ao mundo em 2020 estava literariamente exaurida, algo que já vinha do ano anterior, penso que deve ter sido a pressão para ler o mais possível...Também estive recentemente a conferir o ficheiro onde tenho todos os títulos de livros por ler [de autoras] e voltei a sentir essa pressão perante tantas possibilidades, mas continuo a achar que isto não faz sentido - ler em grande quantidade e depressa, ler os clássicos, ler as novidades, não comprar demais, despachar o que está na estante - numa coisa que fazemos por prazer.
Excluindo os livros anglo-saxónicos e portugueses li títulos de dezassete países diferentes incluindo um sobre o qual nunca tinha lido nada, não me lembro se o mencionei aqui antes, uma autora da Maurícia (Eve Out of Her Ruins, Ananda Devi. Gostei muito). Também é justo mencionar os contos que foram cerca de dez e os filmes que foram vinte e nove - não é muito mas ainda assim representa uma subida, já me tinha esquecido que o ano começou com o Retrato da Rapariga em Chamas - um momento para eu suspirar de satisfação a pensar neste filme.
Juntando estes com os que vi em 2020 significa que a rubrica mulheres no cinema já conta com uns cinquenta filmes e exceptuando um não há nada que não recomende - fico muito contente por poder contribuir mesmo que seja um pouco para a visibilidade feminina neste caso nas várias formas de arte. Incrivelmente para quem pouco se importava com a sétima arte, tenho mais filmes na lista para ver do que livros por ler na estante. Em resumo, não li muito mas acho que a experiência não foi má, pelo menos estou a tentar pensar deste modo.