Os últimos tempos têm me fornecido material para a pasta: sexismo que observo em primeira mão. Claro que há as notícias, os blogs...Mas nada bate a emoção de ouvir certas opiniões ou de assistir do outro lado da rua a uma senhora a ser incomodada por um tipo ao volante. Sabem o que se diz, que uma mulher séria não tem ouvidos. Estive a considerar com muita seriedade esta questão de ser séria e decidi que vou seriamente deixar de ouvir. No dia em que alguns senhores aprenderam a calar a boca. Claro que estas experiências podem nos tornar menos tolerantes com pessoas que dizem que o problema não existe. Estará a chover na realidade paralela? Ontem li um comentário que dizia que os saltos altos eram o pior pesadelo de uma feminista (wtf?) e uma crónica que começava por falar nos casos de assédio num partido francês, passava para a Simone de Beauvoir e terminava a dizer que os homens são hoje vítimas e que tanto homens como mulheres podem ser abusadores - qual a lógica deste encadeamento? Nenhuma. Por momentos temi que este mundo e o outro se chocassem de tal modo que um portal negro se abrisse e eu fosse sugada lá para dentro. Na verdade, nem comento aqui tudo quanto encontro: casamentos forçados, Kesha, presidentes interinos na América do sul (aka: medo), disparidade ridícula de salários...Fico com o estômago embrulhado só de pensar. Então, eu estava a conversar e a coisa desviou-se para o tema "futuro" - e antes que eu tivesse tempo de pensar noutro melhor, ouvi que iria ter de arranjar um homem. Respondi que não queria porque dava muito trabalho...Uma vez respondi que preferia arranjar um ouriço. O que é que uma pessoa há-de fazer?
Epá essa opinião é bestial, diga de um episódio da Quinta Dimensão...Acho que o comentário dos saltos era tb porque há pessoal que diz que se fores feminista não podes ser feminina - é um conceito errado muito comum. Já leste a crónica de Alexandra Lucas Coelho no Público? É fantastica: https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/o-que-fica-bem-a-uma-mulher-1731864?page=-1
Enquanto as pessoas não perceberem estes conceitos básicos, fica difícil fazer alguma coisa pelo mundo, embora mesmo assim muito se faça com grande esforço. Já tentei por duas ou três vezes falar da Kesha aqui e não consigo...
Por acaso tinha lido no mesmo dia em que li o artigo que te falei e cheguei a partilhar na minha página do Facebook. Está muito bem escrito. Gostei também de um comentário que lá está feito por um senhor: "Há várias tendências feministas. Como sabe ,a corrente radical, por exemplo, não é mais do que um machismo ao contrário."
Ainda ontem li que o tal suposto produtor conseguiu impedir a Kesha de actuar neste domingo (não sei se era alguma entrega de prémios ou simplesmente um espectáculo). O abuso é claro e nós estamos para aqui sentados a vê-lo a torturar-la diariamente.
Isso não é a lógica da batata? Há islâmicos extremistas, vegetarianos extremistas, pessoas que se insultam por causa de robots de cozinha...E se em muitos casos as pessoas conseguem fazer a distinção porque é que no caso do feminismo não? Simples: não lhes agrada o conceito de igualdade e usam isso para atacar em todo e qualquer post (texto) sobre o assunto - a mim parece-me que esse comentador devia ler o artigo com mais atenção.
Pessoalmente não faço ideia que correntes são essas: eu acho o conceito bem simples de entender - mas quem prefere chegar aqui e achar que odeio homens e gosto de cortar pilinhas...Não dou a mínima.
Kesha: caso típica da rape culture que ainda impera - ontem li uma noticia: uma actriz a contar que já foi assediada por três realizadores...
O problema é que, como em tudo, o que mais é ouvido são sempre os extremos. Sempre foi assim e muito gostaria que jamais fosse, mas parece-me que vai continuar a ser assim. Sempre que se ouve falar em feminismo, os comentários que se vê são extremos e vem de pessoas que não têm o mínimo interesse em conhecer o conceito. Para eles (e elas, pois infelizmente existe muita mulher por aí contra o feminismo), as feministas são malucas que odeiam homens e que queimam soutiens. Mas, na realidade, as feministas defendem a igualdade de oportunidades. Daí a minha admiração por, finalmente, começar a ver homens a defender os interesses feministas. Eu concordo com a frase que o senhor escreveu, pois retrata bem a realidade. A face mais conhecida é a extremista. Já vi muita mulher que se chama de feminista a gozar a torto e a direito com os problemas de agressão e violação que os homens também sofrem. Tal como se passa com o Islão, a face negativa, que nada está relacionado com a realidade defendida, é a que está a caracterizar o movimento.
A actriz Megan Fox saiu dos Transformers pois não aguentava com as bocas machistas do realizador.
Já agora, já viste que a Robin Wright conseguiu com que lhe pagassem o mesmo que pagam ao Kevin Spacey?
Se as pessoas não conseguem destingir uma coisa da outra isso não é problema do Islão ou do feminismo, mas sim delas próprias - generalizações, preconceitos....Se isso "caracteriza o movimento ", então prova que a capacidade de raciocínio está mesmo em vias de extinção. Mulheres com opiniões fortes sempre foram vistas como extremistas, aliás não seria preciso explodir coisas no passado se os direitos nos tivessem sido concedidos. Em relação à frase do comentador está fora do contexto: o texto é claro, de modo nenhum extremista e diz a meio que as mulheres também podem ser machistas (óbvio), logo qual é o sentido desse comentário? Eu já tive comentários semelhantes:
Escrevo: o feminismo não tem nada que ver com extremismo e logo a seguir tenho um tipo a dizer que existem muitas extremistas...Sim, o que é que eu ou a autora do texto temos que ver com isso? Há muita boa gente que não gosta do assunto mas disfarça bem, porque se realmente o intendessem não andavam a espalhar comentários desses em tudo o que sítio. Claro que há homens feministas, não é uma questão de género mas de mentalidade.
O cinema é uma das industrias mais sexistas e desiguais que existe...Os salários é só um exemplo. Olha aqui mais:
Já conhecia essa página do Tumblr. Existe uma outra que é referente a palestras que são dadas unicamente por homens. É ridículo ver que até nisso é só homens. É como se as mulheres não fossem capazes de explicar ou expor algo. Há muito que deixei que ir a palestras à custa disso.
Eu digo que são extremistas, mas jamais lhes chamo feministas. Da mesma maneira que digo que o Daesh não é o Islão, nem que o Donald Trump é os EUA.
Ademais muita gente esquece que a história dos soutiens e outras do género acontecem pela falta de direitos, ou seja, partem de uma primeira situação injusta não criada por nós. Todos os direitos tiveram que ser conquistados com muito esforço (e sangue) e isso não teria acontecido se o diálogo tivesse funcionado. Muitas ideias erradas associadas ao feminismo também derivam do conceito patriarcal que se tem do que deve ser uma mulher.
Eu encontrei esse site através de um artigo do público...Tb há este:
Exacto. E até é compreensível o movimento contra o soutien. Ele só apareceu como um recurso menos doloroso do espartilho. E qual era a função do espartilho? Tornar a mulher mais desejável aos olhos masculinos. Portanto, numa altura em que se via os direitos todos negados, é normal que se começasse a ver no soutien um inimigo.
Agora fugindo um pouco ao assunto, mas que tem a ver com o uso de maquilhagem: http :/ hellogiggles.com makeup-to-work-paid /
Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem gracinha * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * alergia ao pó e a fascistas * Blogger há mais de uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio e insultar, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita!
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