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Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Filme: Interstellar

interstellar-banner.jpg

 

Não estava muito entusiasmada com este filme...Tinha visto o trailer há uns tempos antes e achei uma bodega. Mas não se descarta um filme do Senhor Nolan assim, de modo que arrastei como sempre a minha irmã para irmos ver. Não se descarta realmente...O filme é fantástico. Esta podia ser a review mais curta de sempre: parem de ler os meus textos secantes e vão ver. Imaginem que os críticos escreviam cenas assim...É mais ou menos isto: a terra está a dar berro, já não há recursos incluindo comida, as colheitas são destruídas por pragas e tempestades. Cooper (Matthew McConaughey) é um engenheiro e piloto da NASA transformado em agricultor quando todas as missões espaciais foram canceladas. É preciso cultivar o mais possível e já ninguém quer saber de ir ao espaço. Entretanto, numas instalações secretas a NASA trabalha numa solução alternativa: encontrar um novo planeta que seja habitável e começar de novo. Eles descobriram três planetas potencialmente habitáveis noutra galáxia, a que se consegue chegar atravessando um wormhole, mas os tipos que eles enviaram para lá nunca regressaram então decidem enviar outra missão, chamada apropriadamente de Lázaro, para recolher mais dados. Cooper aceita fazer parte da missão com mais três astronautas e um robot bem humorado, uma corrida arriscada contra o tempo, que implica deixar para trás os filhos, especialmente a sua filha de dez anos Murph (Mackenzie Foy) uma rapariga esperta e também com queda para olhar para as estrelas.

 

Sim, começa muita naquela base: ambiente apocalíptico e agora vamos todos morrer...os humanos a deitarem-se na cama que fizeram. Mas vai muito para além disso...Muito para além de meia dúzia de pessoas numa nave, quantos milhares de filmes já se fizeram sobre isso. É muito mais denso. De facto, a narrativa sustem-se em duas coisas poderosas capazes de transcender o tempo e o espaço: fé...Fé em que de qualquer maneira conseguimos sobreviver, afinal foi isso que sempre fizemos: cruzamos mares e enfrentámos Adamastores e estamos aqui. E também fé em nós próprios, no nosso papel no grande esquema das coisas. Não temos uma visão completa do esquema pois somos imperfeitos a esse nível, mas cada coisa que fazemos contribui para ele, para o modificar, cada passo que damos ou não damos todos os dias. Este não é um filme para vos tirar a fé na humanidade, mas para exalta-la. E amor: de um pai que para salvar a filha tem de deixa-la milhões de quilómetros para atrás. Se forem ver só á espera de explosões e afins é melhor escolherem outra coisa, pois consegue ser mesmo dilacerante em alguns momentos. A estória permite várias linhas de questionamento: Quais os nossos limites? Podemos arremessarmo-nos assim no total desconhecido? The great next step...Não seriamos humanos se ficássemos quietos não é verdade? Podemos ter acesso ao chamado intangível? Há outras dimensões que não conseguimos ver? E se conseguíssemos de algum modo alterar as leias do espaço e do tempo?  Podíamos dissertar horas sobre isto...

 

interstellar-teaser-1.jpg

 

Todas estas questões, cientificas e humanas, se interligam perfeitamente sem nunca se sobrepor. É um filme harmonioso em todos os aspectos quer narrativos quer técnicos e que não obstante passar das duas horas nunca se perde nem se torna aborrecido. Não há momentos forçados - começa de maneira simples e vai num crescendo até ao belíssimo final. O soundtrack, criação de Hans Zimmer, é dos melhores que tenho ouvido e toda a a parte fotográfica é excelente...Não há como não suster a respiração perante a imagem da nave vogando no negrume. Não consigo deixar de pensar nos primeiros viajantes marítimos, os mais solitários de toda a História. Igualmente rumando em direcção ao desconhecido e totalmente sozinhos. Os efeitos também não se sobrepõem (isso tem se tornado uma autêntica praga - efeitos super espectaculares sem nexo e só para tapar buracos) e mesmo os silêncios, e há bastantes ao contrário do que seria de supor num filme espacial, encaixam. A interpretação de Matthew McConaughey é sólida e cheia de alma do principio ao fim...É possivelmente das melhores coisas do filme. Todas as emoções da personagem transparecem para o espectador, colando-o ao ecrã. Anne Hathaway também está muito bem, aliás como o demais elenco feminino incluindo a miúdinha. Mais mulheres em filmes de FC? Yes please! Não houve nada em particular que não tivesse gostado...Não posso comentar o palavreado cientifico, pois não é a minha área (se alguém estiver interessado em relação a esta parte Neill deGrassee Tysonn também foi ao cinema e disse coisas propósito....), talvez não seja a melhor escolha para um final de serão descontraído: esta cheio de pequenos detalhes e é uma autêntica montanha russa de emoções...Mas vale bem a pena dar uma voltinha. Ou duas.

 

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Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem gracinha * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * alergia ao pó e a fascistas * Blogger há mais de uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio e insultar, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita!

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