Gosto de História, mas não nego que confiaria mais na humanidade se me tivesse interessado por outra matéria...Os humanos não são grande espingarda. E estão sempre a cometer os mesmos erros: o rio de sangue da humanidade jamais seca. Ontem encontrei uma notícia linda sobre uma associação humanitária que criou um programa que consiste em ex-refugiados escrevem cartas a quem está nessa situação agora, como uma idosa ex-refugiada da segunda guerra que escreveu a uma jovem síria. Cada vez mais acho que a História é circular e não uma linha recta. Não esperávamos ver pessoas metidas em vagões sobrelotados de novo pois não? Mas também se encontram factos engraçados, como a história do presidente francês que morreu enquanto a amante lhe fazia uma coisa com a boca. Imaginem só os títulos da imprensa! Nunca se sabe que tipo de histórias vamos encontrar...
Quando a América entrou na guerra em 1941 a empresa Dupont que produzia meias de nylon passou a produzir pára-quedas, cordas e outros afins...As meias rapidamente se tornaram difíceis de encontrar então as mulheres passaram a pintar as pernas para obter o mesmo efeito usando produtos que tinham à mão como café, cacau em pó, molho...
Embora tenhamos ideias precisas quando se fala em atrocidades desta época, há coisas que raramente são faladas - como o genocídio de populações alemãs após terminar a guerra. Deixados à sua sorte estes civis sentiram a fúria vingadora dos aliados, especialmente do exército vermelho nas zonas da Europa oriental como a Polónia. Ao todo 14 milhões de alemães perderem as suas casas, muitas populações foram massacradas e usadas como escravos laborais ou sexuais. Estes refugiados eram obrigados a ir para a Alemanha ou para a Áustria - muitos não chegavam lá. Alguns pelo contrário tentavam voltar para casa gerando o maior caos humanitário registado na Europa e que foi superado agora. Umas 5 mil crianças ficaram perdidas das famílias. Também cerca de 5 milhões de mulheres alemãs foram violadas em 1945 quando os Soviéticos ocuparam Berlim.
O Amante de Lady Chatterley esteve proibido em Inglaterra desde que foi publicado em 1928 até 1960 altura em que a editora Penguin decidiu lançar oficialmente a obra - da qual só circulavam edições piratas. A triagem inicial de 200 mil exemplares esgotou no própria dia. Em três meses venderam-se 3 milhões de livros. O Estado não gostou, processou a editora e perdeu. Foi lida uma lista com todas as obscenidades do livro em voz alta no tribunal - 30 vezes a palavra "fuck", "Cunt" 14 vezes, and so on...
Após o ataque a Pearl Harbor o moral das tropas americanas estava em baixo...vai daí Marilyn Hare, actriz de sucesso na época e com apenas 18 anos, decidiu ajudar de uma maneira inusitada - com beijos. O seu projecto que começou a 5 de Fevereiro de 1942 consistia em beijar 10.000 soldados antes de eles serem enviados para as frentes. Só no primeiro dia foram 733 os felizardos. A Times considerou a ideia:"one of the most formidable morale-building projects yet contrived for the U.S. Army"
Não ficção histórica? Não estou a ver sinceramente...A não ficção sofre com preconceitos: os leitores em geral parecem achar aborrecido ou que é para "nichos". As próprias editoras e quem escreve pouco fazem para chegar ao público - acho que não temos uma tradição de não-ficção como noutros países em que estes livros figuram entre os mais vendidos. Aqui parece que se fica por livros de alimentação e dietas...Até perdi o folgo a tentar ler essa frase - o conhecimento como privilégio das elites é algo que vem desde há muito tempo em Portugal. Não foi como em outros países: imprensa, bíblia traduzida...Aqui a Igreja controlava tudo e impedia as pessoas de acederem ao conhecimento. Depois com a ditadura pior. Basta ver como eram constituídas as faculdades, com os lentes numa posição de deuses. Aquela ideia que tens de te vergar a quem tem mais autoridade\conhecimento e não fazer perguntas. Para o conhecimento chegar a todos tem de haver liberdade eu acho - infelizmente não foi algo que tenhamos gozado muito. E essas ideias ainda estão na cabeça de muitos investigadores.
A maneira como a História é dada\tratada consegue ser mesmo intragável...Listas de datas e factos sintéticos, sem levar em conta o lado humano e sem nenhuma tentativa de ver perspectivas diferentes ou mesmo de ver com a História pode ser útil e como se liga aos dias de hoje. Não admira que esteja entre as disciplinas mais aborrecidas! Quando na verdade pode ser divertida - adoro partilhar aqui estas pequenas histórias! Livros de História ou sobre História que conseguiam ser rigorosos sem perder o lado humano é para mim o ideal.
Cara Sara: eu sou um admirador da História de Portugal (e da História da Roma antiga, mas menos, afinal sou português). Tenho na minha casa todas as Histórias publicadas em Portugal e por historiadores portugueses, a começar pela História "fofinha" e linda do Alexandre Herculano. Falta-me uma, já digo porquê. (não as li todas, nem pensar, mas li isto ou aquilo em todas elas)
Ao ler a História de Portugal, eu quero que me mostrem os factos: os acontecimentos, as pessoas, as datas, e quero que mostrem isso com rigor, com o maior rigor possível. Claro que não me faz mal nenhum ler, aqui ou ali, a opinião de um historiador, mas só em certos pontos que suscitam mais dúvida e onde o historiador pode (e deve) opinar. Depois há os livros temáticos sobre pessoas e factos da História, livros que não são A História de Portugal e que nos trazem os tais pontos de vista a que a Sara se refere quando diz (sic) "...e sem nenhuma tentativa de ver perspectivas diferentes ou mesmo de ver com a História".
PS: falta-me comprar uma História de um senhor demasiado à direita do espectro político e que, na sua História, deixa isso mesmo à vista: não nos conta a História de Portugal, fala-anos da História que ele acha que devemos conhecer: a dos santos, dos mártires, dos heróis, etc...
PS: falta-me comprar uma História de um senhor demasiado à direita do espectro político e que, na sua História, deixa isso mesmo à vista: não nos conta a História de Portugal, fala-anos da História que ele acha que devemos conhecer: a dos santos, dos mártires, dos heróis, etc...
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Avisos
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