Entretanto à uma da manhã...
No Sábado que passou em vez de estar a dormir como alguém sensato, fiquei acordada a derreter-me (de novo) porque a Mei é a coisa mais adorável...Também já vi a Kiki duas vezes. Nunca vou avançar na lista por este andar, e bem quero chegar ao último, parece tão bom céus. Não venham aqui dizer que aquele Óscar devia ter ido para outro filme. Descobri que um dos nomeados é sobre a amizade entre um cão e um robot e faz as pessoas chorarem - já adicionei à minha lista.
Não percebo quem diz que o Totoro é demasiado simples. Mas como assim, quando tem tantos detalhes e tanta coisa para pensar...Tenho visto vários filmes que achei bastante bons, e com excepção de uma vez, tenho sido poupada a sentir que o meu tempo foi desperdiçado. Mas depois há aqueles - uma pessoa vê e sente que cada cena tem um pensamento e um propósito e tudo resulta, nada a acrescentar, nada a tirar. Assim de repente lembro-me talvez de uns dois filmes onde senti isto. Por acaso títulos que também não têm uma história muito elaborada. É difícil explicar e eu não sou especialista. Depois de ver duas vezes o que sei é que não mudava nada neste filme.
É uma história tão gentil, mas há uma camada de uma certa tristeza - alguém que está doente, as marcas da guerra, um sítio que em breve seria engolido pela industrialização - a natureza e a nossa relação com ela é todo um outro tema. Como adulta, por exemplo, vejo aquele momento em que a Mei coloca as flores na secretária do pai e diz que ele é a loja de flores e faz-me lembrar quando Leitora Júnior era ainda mais Júnior e costumava espalhar objectos num parapeito, depois ficava do outro lado porque era a lojista e nós os clientes. Alguém pode afirmar que é uma cena que não acrescenta à história, nem acrescenta ver um caracol a subir por um caule ou uma folha a deslizar pelo rio. Eu vivo para estes "nadas" - fazem o meu cérebro que normalmente está sobrecarregado e tem dificuldade em processar estímulos, feliz. Estava a pensar se a internet nos podia fornecer um gif da água a correr e é evidente que pode:
Mas também é difícil não reparar que a árvore que cresce a meio da noite parece a bomba atómica, que o mundo lá fora pode ser um lugar perigoso e na fragilidade de tudo - no início da Nausicaä, ela está a explorar a floresta tóxica que é povoada por insectos assustadores, não que a nossa protagonista tenha medo...Então as plantas começam a libertar umas coisas brancas que fazem parecer que está a nevar, é uma cena tão bonita e tão pacífica. Mas ela vai morrer se tirar a máscara. A vida humana é frágil e o mundo também, mas temos de continuar a viver. E algures há a esperança.
Peço desculpa, este post também parece ter sido escrito à uma da manhã e por acaso até foi mesmo. A foto não ficou assim grande coisa, para além de ter colocado mal a marca d'água, o pc estava de forma precária pousado na borda da cama, ainda penso que tenho idade para ficar deitada toda torta sem sofrer as consequências nos dias seguintes...