Então, as últimas leituras
Como disse num post anterior nada como ficar um tempo sem net para perceber o real valor da palavra impressa. Creio que um dia quando der um trangolamango ao mundo as nossas maquinetas irão à vida mas os livros vão ficar. Dos que estão na foto: After Dark - gostei muito. É tão doce e bizarro. Além disso tem um motel do amor chamado Alphaville...Tão bom. Stolen Child é sobre uma super modelo a quem roubam a filha recém nascida: é razoável - bem escrito, sem drama em excesso. O melhor é o modo como algumas personagens falam: "none a yer bleedin´business" ou "i´m real sorry for ya"...É engraçado. Centelhas também não é mau: é sobre uma família que tem segredos e tal. Há um pedido de casamento feito em cima de um cogumelo gigante: eu aceitaria logo. Cada dia é um milagre foi um bocado decepcionante...Antes tinha lido um livro deste autor sobre um grupo de pessoas que vivem numa lixeira - O Olimpo dos Desventurados - e fiquei bem impressionada, mas não consegui ligar-me à estória deste. Meh...Houve dois que gostei muito e que não ficaram na foto: A Eternidade Não é Demais de Francois Cheng que em inglês tem este título maravilhoso: Green Mountain, White Cloud: A Novel of Love in the Ming Dynasty. A estória de dois amantes que as convenções da época impedem de ficar juntos mas cuja ligação não esmorece com o passar das estações. Cada vez que olham um para o outro é quase como se fosse uma experiência religiosa...É lindo, profundo e cheio de sabedoria. Mais um para lista das releituras.
O outro que merece referência é um YA. Escreve-se tanta porcaria neste género que quando se encontra algum que presta fica-se tipo this is real life? É assim: a América está dominada por uma seita que diz que os fiéis vão ser arrebatados e depois virá o fim do mundo. Nada que preocupe muito a nossa protagonista Vivian Apple até ao dia em que os seus pais se tornam crentes e posteriormente desaparecem sem deixar rasto. Não lhe resta senão ir à procura deles com a ajuda da sua amiga desbocada e de um possível namorado super fofo. Uma óptima estória, do tipo destópico - bem real, com muito material para reflectir (fanatismo religioso, tolerância, activismo...) e com detalhes entre o hilariante e o cínico - "Irmãos, os americanos foram escolhidos porque Deus ama o capitalismo!". E depois tipo: temos uma protagonista e uma coadjuvante e elas são badass...Num contexto onde as mulheres não são muito apreciadas se é que me entendem. Não é frequente num livro destes encontrar bons personagens especialmente meninas mas este tem - até o protagonista masculino consegue não ser irritante ou pretensioso. Há acção, cenas sérias e pouca lamechice: a estória não gira à volta disso. Até o final é bom, embora fosse melhor se não houvesse continuação. Agora tenho de acabar os que estão na mesa de cabeceira.