A estante sem mimimis
Como qualquer book lover sinto um especial encanto quando vejo aquelas belas edições, de capa dura, com ilustrações, vendidas em caixas com a colecção toda...Acho que metade do tempo de vida de um book lover é passado a babar-se para estas edições na internet. Mas admiro as pessoas que de facto as compram regularmente - devem ser ricas ou não devem ser portuguesas, na medida em que não consigo tirar do pensamento aquela ideia de que os livros são mais baratos em todo o lado até no Butão, só aqui é que não. A minha pobre estante é desprovida desses luxos. Se eu tiver digamos cinco ou seis títulos de um autor é muito provável que sejam todos diferentes em edição e tamanho - porque vou comprando conforme aparece. E que estejam espalhados pelas prateleiras: tentei juntá-los por temas mas não deu muito certo. Dá demasiado trabalho por isso ficam onde houver espaço livre e siga.
Não tenho esses mimimis de andar a rejeitar livros por serem velhos. A falta de capa, páginas soltas ou castanhas não impedem leitura (na verdade eu acho que os livros velhos cheiram melhor que os novos e alguns vêm com marcas passadas, é como nós). E mais aqueles que tenho que vieram do lixo. Acontecer terem um erro ou outro de tradução: todos gostamos de boas e cuidadas traduções é claro, mas andar-se a comprar certos livros (como clássicos) ao preço que estão é duro. Temos de nos contentar com edições mais low-cost. Às vezes sou calculista: ao ver fotos das compras do pessoal na Feira do Livro penso - a sério mana podias ter comprado isso a metade do preço bastando perguntar nas bancas de usados se o tinham. Mas não digo nada é evidente. Não é assim que se fazem amigos na net! Gestos que faço muito na FL: virar para ver a etiqueta, calcular um possível desconto (mentira: tenho sempre de perguntar a quem está comigo. Não faço cálculos) e rosnar para dentro quando não gosto da resposta. Estarem em brasileiro: é português. Marcha (o meu vocabulário é agora o feliz possuidor da palavra cafungar. Nunca tinha ouvido e passei a amar). E em inglês também desde que não tenham o tamanho do Gravity's Rainbow ou sejam o próprio (ah mas um dia...)
Posso dizer que amo os meus livros: os de capa dura, os de mole, velhos, novos...Acho todos lindos e a minha estante acaba por ser uma miscelânea linda por extensão. Também não percebo esse mimimi que ainda persiste sobre comprar livros em supermercados. O pessoal que acha uma falta de gosto deve ser o mesmo que nunca leva guloseimas de casa quando vai ao cinema. Dito isto se alguém me quiser oferecer algo da minha wishlist agradeço. Quando me perguntam que livro quero de aprenda penso logo naqueles que são mais caros porque se é para oferecer que seja em termos, certo? Não confundir com oferecer livros dentro de termos. Isso é só estranho.