Depois de me ter apaixonado pelo The First-Hand Story of Young Lives Lived and Lost in World War II e de me ter resignado ao facto de ele não existir em lado nenhum que me seja acessível, agora estou apaixonada por este: Ravensbruck: Life and Death in Hitler's Concentration Camp for Women. Não é frequente que a história das mulheres seja considerada digna de ser contada e isto é uma densa investigação com mais de 700 páginas. Não que eu seja doida, mas sim: fiquei com vontade de me precipitar para a Fnac mais próxima. Só que depois vi que custava trinta euros e já não me precipitei. Dramas de um leitor, ou o livro a) não existe b) existe, mas têm primeiro que vender os vossos globos oculares no mercado negro c) já existiu no ano em que a Torre Eiffel foi construída e agora nada d) faz parte de uma série e) só o primeiro e (talvez) o segundo estão publicados. Numa nota mais positiva continuo a ler autoras e acabei Esta Distante Proximidade da Rebecca Solnit que trouxe da Feira do Livro. Se todos os que trouxe de lá forem como este sou uma leitora feliz. Eu podia apimentar este blog com outros assuntos, mas geralmente só me apetece escrever sobre livros e feminismo. É pena que os homens não olhem para estes dois temas como um convite ao amor. Se o meu príncipe encantado entrasse agora no meu quarto: primeiro iria tropeçar na bagunça, depois iria olhar para mim de pijama e peúgos a escrever um texto de mulherzinha com uma pilha de livros ao lado, iria suspirar e virar costas. Morada errada, amigo. Na verdade, penso muito em textos feministas enquanto lavo loiça...Ah, quando o coitado percebesse já seria tarde demais para fugir.
Acabei Stiff - The Curious Lives of Human Cadavers. Não é o primeiro livro sobre cadáveres que leio este ano. Antes dele li Smoke Gets in Your Eyes: And Other Lessons From the Crematory, uma óptima leitura (Caitlin Doughty é agente funerária e começou a carreira trabalhando num forno crematório. Tem um canal de Youtube) Já o da Mary Roach é tão mal escrito e forçado que chega a ser embaraçoso. Ainda assim podemos tirar dele algumas reflexões, por exemplo - é muito esquisito que uma pessoa esteja a ler um capítulo sobre transplantes de cabeças e pense: puxa já li isto! já conheço essa história da cabeça do cão que foi implantada noutro. Isto leva a pessoa a questionar-se em que contexto anterior apreendeu esta informação. E logo a seguir a tentar apaziguar-se: é apenas curiosidade pelo mundo. Pensando bem deve ter sido isto o que os cientistas que andaram a encaixar cabeças de cães e de macacos devem ter dito. Não pesquisem por isto. Nem por sapatos de ferro. Claro que se o fizerem aumentarão o vosso leque de desbloqueadores de conversa, mas depois de alguns testes práticos posso dizer que falar de tortura envolvendo ratos que escavam estômagos ou sobre os vários estágios da decomposição humana nem sempre resulta.
Não este blog. Calma. Alguns livros. Jane Eyre - puxa, como eu amo este livro com a sua mistura de romantismo, estranhas coincidências, escrita maravilhosa, feminismo, orgulho britânico exagerado e raparigas espertinhas. Lembrava-me do geral da história mas agora muitas coisas saltaram-me à vista de uma forma nova. É de facto mais hilário do que eu pensava (aqueles diálogos entre os dois...), tem mais tensão sexual e é sem dúvida feminista em várias partes. Charlotte percebeu em 1847 o que algumas pessoas não conseguem em 2018. Que uma mulher não tem como ser feliz uma relação que não é igual. E não só. Jane é como um cavaleiro pequenino enfrentando desafios para ganhar não um prémio físico, mas para se tornar um ser humano mais completo e independente. No fundo o que os humanos sempre desejaram: encontrarem a felicidade consigo mesmos, na relação com outros e neste caso também com Deus - tinha passado este tópico meio por alto da primeira vez.
Enquanto isso também foram terminados: uns contos de terror clássicos muito levemente picantes, incluindo um que era sobre mulheres que levam a cabo um ritual sexual com uma pedra. Aquilo era um bocado vago por isso é possível que não fosse nada disso, mas esta minha versão é mais gira. Devia escrever. O Let's Pretend This Never Happened da Jenny Lawson que é anterior ao Furiously Happy lido algures este ano. É lunático. Estava curiosa para saber alguns detalhes como a história por trás do rato morto empalhado vestido de Hamlet (que aparece na capa) e de como ela e o marido se conheceram - não fiquei desapontada. Vou incluir um lince na lista dos itens que preciso para seleccionar um marido. Esta lista inclui, porque também me preocupo com o assunto, uma cópia do documentário como sobreviver ao holocausto zombie e o Dom Quixote.
Parece aleatório mas se vou dar a minha vagina a alguém por um longo período de tempo tenho de ter critérios. Devia ter dito coração? E o Prime of Miss Jean Brodie, o meu terceiro livro daMuriel. Não sei como é que isto aconteceu. Mas faço referência a ele para mostrar que as obras-primas podem ter vários tamanhos. Estou entusiasmada com as próximas leituras: falam de cadáveres e de vaginas. Não vaginas de cadáveres. E da Cleópatra, se arranjar tempo. Não sobre a vagina do cadáver da Cleópatra. São temáticas diferentes. Se não perceberam vocês têm um problema. Oportunamente darei detalhes.
Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem graça * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * Blogger há uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.