Também é para isto que serve um blog: para voltar atrás e ver quantos livros comprados com tanto entusiasmo nas Feiras do Livro ainda continuam na estante por ler. Não é que compre muito ou que tenha muitos livros por ler no general (ah, desculpas...), mas vamos lá a este interessante exercício até porque não tenho mais sobre o que escrever e esta humidade está-me a matar. Para começar já estou a ver uma diferença: já não há sacos atirados para cima da cama, naturalmente o ano passado desinfectei tudo assim que cheguei. De 2011 a 2013 tenho tudo lido, mas também ter livros por ler há uma década seria demais...As escolhas recaíam fortemente nos clássicos, sem surpresa. Já o post de 2015 é um bocado cringe (Quanto amor por estes autores...Pobre chuchuzinho) e ainda não li o único livro de uma autora que comprei (1 em 10). Dos comprados em 2016, faltam ler cinco de sete - a explicação para isto é que praticamente um mês depois decidi que ia ler mais escritoras e o modo como as coisas se desenrolaram fez com que os livros de autores que comprei esse ano ficassem no limbo, onde se encontram até agora. De 2017 já estão todos lidos, treze ao todo ("Tenho mais autores do que autoras na pilha dos livros por ler e isso é algo a mudar". Nem sabias tu de metade da missa, chuchuzinho) e de 2018 faltam cinco de dez (há um que li até meio e depois parei, que decisão esperta, uma releitura e os dois volumes do Segundo Sexo). De 2019 faltam quatro de doze (três de autoras portuguesas...) e do ano passado faltam quatro de treze - foi o ano da volta ao mundo então só peguei naqueles que podia incluir. Afinal, não sou uma leitora assim tão displicente....Entretanto descobri que tenho livros que comprei em outros lugares por ler desde 2012. Retiro a frase anterior.
Na minha senda de voltar a inserir cavalheiros (um revirar de olhos feminista, por favor) na minha vida literária, decidi incluir alguns na lista de compras para a Feira do Livro deste ano - nem sei se isso vai acontecer ou quando, mas não importa. Pensei: vou fazer uma lista pequena, desta vez só com alguns livros que quero mesmo. Pensamento mais utópico do que achar que alguma criatura em Wonderland vai ser prestável com a Alice. Quando a lista já passava dos vinte títulos, vi que tinha de cortar alguns. No fim percebi que tinha posto de lado quase todos os autores, menos um ou dois.
Parece de propósito, mas não foi. Mesmo que eu fique só por autoras que já conheço e gosto em vez de comprar novas, só isso leva o orçamento todo. Também só no fim percebi que vários dos livros são de editoras que não fazem hora H na totalidade (um disparate. Como mandar cortar cabeças a torto e direito. Monarquia britânica...tsk, tsk). Forçando assim a pobre introvertida a perguntar o que está ou não abrangido pela promoção quando tudo o que ela quer é ter o mínimo de interacção.
Não sei se contei, mas o ano passado comprei dois livros numa banca e os dois exemplares que me deram tinham danos, tive que pedir para trocar - e num dos casos o segundo estava igual. Achei que a funcionária, que tinha uma cara de frete pior que a minha numa aula de matemática, ia tirar a máscara e tossir-me para cima...faz-me lembrar que entre os sons que marcam a Feira está o inconfundível som de livros a cair ao chão - provoca-me sempre um arrepio na espinha. Quer dizer o meus também caem às vezes, o episódio mais icónico foi quando a minha Jane caiu de cima da estante, partindo-me o coração e por pouco também um pé.
Não cheguei a mostrar os livros que trouxe da Feira do Livro. A minha ideia era trazer somente livros de autoras de países que ainda não tivesse lido e rapidamente constatei duas coisas: mesmo limitando assim o espectro a lista ficava impossível - eventualmente consegui torná-la modesta, com apenas cinco ou seis títulos. E agora, será que vieram só esses? Não. Mas em minha defesa devo dizer que já não comprava livros deste que isto tudo começou. Bem, comprei só um. Outro coisa que constatei é que teria dado mais jeito a Feira em Junho do que agora mais perto de acabar o ano, fica mais difícil ler todos os livros mesmo que alguns não sejam grandes.
Do que vi pareceu-me haver muita coisa interessante nos alfarrabistas e mesmo fora, mais do que o ano passado. É realmente uma pena não dar para mergulhar as mãos entre os livros com todo o vagar e à vontade. Acabei por não resistir a fazer isso nos descontinuados da Relógio D'Água, mas não fui minuciosa nem cheguei a ver a banca toda. Queria despachar-me o mais rapidamente possível (acabei a ir duas vezes - a segunda apenas para ir buscar um que ficou encomendado). Então aqui estão eles:
Dos três livros disponíveis da Magda Szabó só este estava em promoção, por isso foi o que trouxe; kallocaína é uma distopia escrita em 1940 (nem sabia que estava editado em português, traduzido do sueco original. Entretanto descobri que outra distopia que tenho aqui para ler, Swastika Night da Katharine Burdekin foi editado pela Caminho, infelizmente já há muito tempo. Não aparece em lado nenhum. Um que estava com esperança de encontrar na Feira era o Unbowed da Wangari Maathai mas estava esgotado); Rumo a Casa já foi lido e recomenda-se e O Assassínio de Sábado de Manhã é um policial de uma autora israelita, Batya Gur.
O Livro de Emma Reyes vi pela primeira vez no, infelizmente parado, Mais Mulheres Por Favor e ficou na minha lista para comprar deste então. Se não me engano também foi aí que vi referência a livros da Annemarie Schwarzenbach - é um nome que tenho visto flutuar por aí e decidi trazer Com Esta Chuva que é um livro de contos; O Pais de Akendenguê é um livro de poesia de Conceição Lima, uma autora de São Tomé - fiquei super contente por tê-lo encontrado.
Nomeado para o prémio Booker em 2016, Não Digam Que Não Temos Nada é um romance histórico passado na China, durante a revolução cultural. Hoje Preferia Não me Ter Encontrado vai ser a minha segunda tentativa com a autora, da primeira vez não passei do início. Não é algo usual, se calhar estava sem paciência já não me lembro bem. O meu lado de masoquista literária é conhecido, como se pode ver também pelo facto de ter trazido Eu Serei a Última.
Estes são os extras: O Prazer da María Hesse - a primeira coisa que notei ao chegar a casa é que a capa do livro sobre a Frida Kahlo tem um tratamento que a torna brilhante e suave ao toque, mas a capa deste não tem. Fiquei um pouco desiludida com esta aparente falta de esmero da editora. Fora este detalhe o livro parece maravilhoso, já andei a espreitar - mas estou a guardar para a altura em que o for realmente ler. Inicialmente tinha o Karen da Ana Teresa Pereira na lista, depois tirei-o e acabei por trazer este dos descontinuados juntamente com o da Anna Akhmátova, conhecida poetisa russa.
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