O melhor amigo...
Já que se falou em touradas, não se deve esquecer outras formas de maus-tratos infligidas aos animais, como o abandono. É um flagelo durante todo o ano, mas quando chega o verão cresce exponencialmente. Adquirir um animal devia ser uma atitude muito ponderada. É preciso ver se temos espaço, disponibilidade e condições financeiras. …
Isto é a sociedade do consume e deita fora: o bicho é muito lindo enquanto é pequeno, mas depois cresce, dá trabalho, roí coisas, mija por todo o lado…rua com ele (ou mando-no para um canil onde é abatido passado uma semana). É como um objecto, comprado num momento de impulsividade e que depois não é aquilo que desejamos. Pensando bem, quase tudo nesta sociedade foi tornado objecto: já não queremos tomar conta de um velho deixamo-lo na porta de um hospital, já não queremos um cão abrimos a porta do carro, estamos fartos de uma pessoa, no problem, vamos ao facebook e anunciamos que a relação acabou…
Mas estava a falar de animais, eu às vezes divago… com um animal temos de planear as férias de maneira diferente. Não faltam possibilidades: hotéis ou empresas que vão à casa tratar dos tarecos. Também podemos incumbir um familiar desta tarefa (é o que eu faço…), ou levá-lo connosco, pois há cada vez mais sítios que aceitam.
A minha cadela (Pituxa) quando veio para ao pé de mim nem tinha um mês: mal andava e só bebia leite (nunca dêem leite de vaca aos cachorros, se não puderem comprar próprio, misturem o de vaca com água). Supostamente ia ficar pequena, mas cresceu… Agora tem 12 anos. Quando olho para o seu focinho a ficar branco, não consigo deixar de pensar na passagem inexorável do tempo. Eu daqui a cinco meses faço vinte anos, ainda há tão pouco tempo tinha seis anos e queria ser bailarina…
O raio da cadela ladra que se farta…é esquisitinha: nós compramos uma ração que tem grãos de carne e de vegetais e ela só come os de carne. Quando já não tem desses entorna a taça e faz um chinfrim. É gorducha, mas quando vê água ganha foge à velocidade da luz. Tem medo de trovões e foguetes. Uma passagem de ano memorável: eu e a minha mãe abaixadas junto da cadela, que parecia que ia ter um ataque. Fugiu duas vezes de casa, mas encontrou o caminho de volta…até hoje não sei como conseguiu. Nunca fez muitos estragos: calçado, roupa arrancada do estendal, mantas, tapetes, uma toalha de praia nova e um vidro de uma porta…
Às vezes dá-me vontade de lhe dar uma marretada, especialmente quando me acorda às nove da manhã, a ladrar (o pesadelo dos vizinhos….). Uma vez pensamos dá-la, mas não tivemos coragem…Os animais dão tanto e pedem tão pouco…
Já tive triste experiência tive de ouvir uma mulherzinha a dizer que ia abandonar o próprio cão, era um cachorro tipo caniche, e ela disse-o com todas as letras. Uma vez a minha mãe viu também uma gaja abrir a porta do carro e atirar o animal para fora. Mais palavras para quê…Um vídeo: