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Então é assim: estou um ano mais velha. Não é uma informação de grande impacto no mundo, mas como é da praxe assinalar aqui...Tinha pensado escrever um texto deprimente\filosófico como o ano passado, mas isso seria redundante pois continuo a não saber a maioria das coisas que escrevi ali. Sim, ainda não é este ano que posso dizer orgulhosamente que já consigo usar rímel sem me cegar ou que consigo abrir os pacotes de leite sem verter...Se bem que até tenho feito alguns progressos: há dias tentei fazer um patê de atum. Cada ano que passa estou mais longe das certezas que tinha antes, é incrível o nível de certeza e consequente ousadia que uma pessoa tem quando é nova, e também mais longe me de tornar um ser humano funcional - capaz de arranjar outro ser humano, produzir descendência, ser útil em alguma coisa e no fim fazer o cúmulo de todas as coisas boas feitas e todos os erros. Esta parte da descendência já não me preocupa tanto: acabei de ler um artigo sobre uma senhora da Nova Zelândia em que ela diz que o seu segredo para ter chegado aos 109 anos foi ter evitado os homens e comido montes de porridge. Bem...Quando estou a ver sei lá, episódios antigos das Navegantes da Lua no pc não consigo deixar de pensar que isso não é algo que uma pessoa adulta deva fazer. Devia estar a ver um canal de assuntos adultos...Não desses, mas dos sérios. Devia estar a fazer coisas sérias como uma pessoa em termos.
Não a escrever aqui enquanto brinco distraidamente com uma tesoura podendo cortar um dedo...O que acabou de acontecer há cerca de cinco minutos atrás. Estou menos para um ser humano funcional e mais para um erro na Matrix. Continuo a não saber muito bem como é que as pessoas se relacionam entre si (os blogs tipo diário pessoal são úteis para analisar algumas nuances destes relacionamentos...Não deixem de os escrever!) e continuo a ser céptica em relação ao mundo. Cada vez mais para dizer a verdade, especialmente quando penso na minha probabilidade de sobrevivência nele. Não acredito no amor como ele costuma ser apresentado...Gosto mais de pensar nele em forma de um cesto cheio de cachorrinhos (pugs!) por exemplo, nem acredito em promessas - vamos sempre quebra-las de qualquer maneira...Antes tinha ideias muito mais fixas e era bem mais ácida do que hoje: devia ter aberto um blog nessa altura e feito sucesso. Agora quando começo a escrever sem pensar previamente há sempre o risco de saírem coisas meio patéticas, como aliás este texto embora tenha dito no início que ia evitar isso. Basicamente: estou a ficar velha e qualquer dia já estou nos trinta..Ai.