A tarte de abóbora e o prémio Nobel
- Há uns tempos vi nas notícias uma peça sobre uma casa muito cara em Cascais - "Mansão mais cara do País inspirou a casa de Ronaldo - está à venda por 32 milhões". Podem clicar para ver as fotos deste humble abode...Enquanto desesperam por encontrar uma gaiola para alugar cuja renda seja menos de mil euros por mês - e este post está a ser escrito a partir do subúrbio. Bem, não quer dizer que não possam sonhar. Ou penitenciarem-se porque se tivessem começado um negócio na garagem a esta hora estavam ricos, todos sabemos que é assim mesmo que acontece. Há sempre uma certa sujeira que se agarra à pele quando vemos estas coisas, ninguém precisa de piscina interior e de seis casas de banho na sua vida e certamente não no corrente estado de coisas...
Incongruentemente, alguns minutos depois posso ter pesquisado mansões antigas onde gostava de viver. A arquitectura moderna não me entusiasmou e sem desprimor para Cascais, se eu tivesse estas mocas todas mais depressa comprava uma mansão com escadarias que rangem, uma comprida sala de jantar e retratos na parede de gente morta há muito tempo, uma acolhedora biblioteca, onde poderia ou não aparecer um cadáver mas isso são as contingências do lugar, a propriedade à volta com árvores, laguinhos, um caramanchão, nunca ouvi esta palavra fora dos livros, e ficaria ali em quietude.
(Tirado da página dos criadores)
- A primeira coisa boa do Halloween é o frio ou melhor dito quando chegamos a Novembro a minha expectativa é que o calor de Verão já se tenha realmente ido embora - algo que ainda não tinha acontecido da primeira vez que pensei neste post, estava tanto calor depois ficou frio, fui a correr meter uma manta na cama e arrependi-me 24 horas depois porque voltou a ficar calor, mas agora já tenho a cama preparada, dois pares de meias calçados neste preciso momento e duas camisolas. Sinto-me um pouco menos morta por dentro.
- A segunda é que algumas pessoas se irritam deveras com esta data, embora a possam perfeitamente ignorar, porque estamos a importar tradições em vez de seguirmos as nossas. Ainda não vi nenhum post desses [oops, já vi], mas talvez seja mais devido ao estado não-vivo da blogosfera...Eu cá acho que é a mesma coisa. Seja de manhã ou à noite, nunca ninguém questiona mandar as crianças pedir comida a estranhos. Tecnicamente é aos vizinhos mas como é que uma pessoa pode ter a certeza que a tia Mildred em vez de se ter mudado não está numa cave do bairro cortada em postas - talvez ela esteja sentada a colocar agulhas dentro dos doces. Também é por isto que não quero filhos. No dia em que não encontrar mais textos irados sobre este assunto isso será:
(Este gif nunca envelhece)
- As reacções à escolha do Nobel da Literatura são sempre mais interessantes que a própria escolha em si. Há quem coloque logo o nome em questão na sua lista de leituras futuras e quem faça o contrário porque se ganhou então a sua escrita não deve estar no domínio do leitor comum. E há sempre alguém que fica muito satisfeito quando ganha um autor mais mainstream, por oposição às vezes em que o comité vai sacar escritores (ou pior: poetas) a uma gruta remota - foda-se os snobs! Quem disse que Colleen Hoover não pode ganhar um Nobel? isto claro se vocês acreditarem que os livros são mesmo escritos por uma pessoa e não por AI. Nunca tenho muito para dizer sobre este assunto, na verdade só li vinte prémios Nobel - agora vinte e um! Não gostei de A Vegetariana.
- E a terceira coisa boa são as listas especialmente em comparação com o período anterior - agradeço o esforço de compilar listas de livros para lermos na praia, mas eu sequer vou à praia e indo pouco acabo por ler, não gosto muito de ler no exterior...Não gosto muito do exterior em geral. Forneçam-me sugestões de títulos para ler na cama, tapada com cobertores, enquanto o vento sopra lá fora. Isto fez-me lembrar da pequena lista que fiz há uns anos com treze títulos e short-stories para ler em dias escuros...Para dias de sol seria mais difícil de fazer ou para o Natal. Presumo que listas literárias para o Natal também existam, mas não creio que sejam livros muito do meu agrado. Mais do que leituras, a época remete-me para aqueles filmes muito lamechas que acabam sempre bem, com a protagonista a encontrar o amor debaixo do azevinho - claro que há gente que gosta e chora e tudo, gente com bom coração. Mas eu se tivesse que ver coisas deste género acho que acabaria a partir a TV. E ao corrigir o texto apercebi-me que escrevi vizinho em vez de azevinho...