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Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Feira do livro 2024: atrasos e desculpas

Dois meses depois do acontecimento aqui está esta que vos escreve para contar que efectivamente foi à Feira do Livro. Na verdade fui três vezes o que resultou naquilo que se vê nestas fotos e que dá a entender que comprei tudo o que me apareceu pela frente. Temos de ser honestos, nenhum de nós vai a uma livraria ou Feira porque precisa mesmo de algo novo para ler e depois temos de arranjar desculpas para apaziguar a consciência. Aqui está uma lista com as minhas:

 

images.pngNão fui à Feira o ano passado

(Já li alguma coisa do que comprei no ano anterior a esse? Não, mas isso não interessa)

images.pngAinda não tinha comprado livros este ano

(A última vez foi no passado Agosto de 2023 quando comprei uns sete ou oito livros naquele stand na estação, de acordo com os registos neste blog. já lá fui este ano mas consegui não trazer nada)

images.pngQuase todos custaram menos de dez euros

images.pngE quando se encontram boas oportunidades é de aproveitar não é?

(Esta é uma das minhas desculpas preferidas. Ao contrário do que se lê por aí - e mesmo admitindo que aqueles em segunda mão já estiveram mais baratos - ainda é possível encher o saco de livros em conta enquanto se vai Feira abaixo)

images.pngAlguns livros podem ser difíceis de encontrar fora da Feira

images.pngTive que acompanhar Leitura Júnior

(Uma pessoa tem de promover a leitura entre a juventude. Não que eu tenha tido que fazer muito esforço - o saco dela começou a encher a grande velocidade)

images.pngÉ melhor comprar e ler antes que comecem a ser queimados em fogueiras nas praças

 

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Mais livros da Fundação Francisco Manuel dos Santos para juntar à colecção. Sim, parece inacreditável que aqui a leitora ainda não tenha comprado aquele sobre bibliotecas e também um outro sobre livrarias e alfarrabistas só que a variedade de temas é realmente extensa - é difícil escolher especialmente com o sol a queimar os costados...Não percebo bem o que querem dizer quando falam numa FL mais acessível quando nem existem uns simples repuxos para beber água.

Estes títulos foram os que me chamaram mais a atenção no momento - já não me lembro bem mas penso que os dois do meio, Martim Moniz e o das mulheres refugiadas, custaram 4 euros por serem novidade, os outros dois custaram 2 euros e tal. O primeiro da fila veio de oferta com um livro que comprei na Antígona.

 

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Acho que a este ponto devia ser óbvio que a banca dos descontinuados da RA não devia ser a última parte da Feira a visitar, é a última porque costumo entrar sempre pelo lado oposto...Se calhar para a minha carteira é melhor não começar por aqui. Todos os anos tem coisas de interesse mas neste em especial o stand estava on fire - não literalmente atenção, embora no dia em que fui à noite para aproveitar a hora H raios tenham rasgado o céu e depois começou a chover.

Trovoadas na FL é algo que nunca tinha visto. Angel chamou-me a atenção numa livraria então quando o vi aqui decidi aproveitar visto estar bem mais barato - é uma autora inglesa, não a actriz. O Garden-Party já li mas sem ser em papel, já sei que foram 5 euros bem gastos. As outras autoras também já li mas não estes títulos. 

O da Muriel Spark não ficou a ver-se lá muito bem na foto, o título é Raparigas de Escassos Recursos ("Há muito tempo, em 1945, todas as boas pessoas de Inglaterra eram pobres, salvo certas excepções." - é a primeira linha), Cranford da Elizabeth Gaskell ("Em primeiro lugar, Cranford pertence às amazonas; todos os moradores das melhores casas são mulheres. Se um casal se muda para a cidade, por algum motivo, o cavalheiro acaba desaparecendo (...)") comprei na tenda dos pequenos editores, tem sempre clássicos a bom preço. É a mesma autora de North And South obra que não me parece receber tanto amor quanto outras do mesmo período, mas devia.

 

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Luz Coada Por Ferros foi outro livro que trouxe dessa tenda. Havia uma interessante promoção de obras do Júlio Verne (que nunca li) do tipo leve quatro pague três mas o que é isso comparado a trazer mais outra escritora - neste caso tenho dúvidas que seja do conhecimento geral que Ana escrevia sequer. Numa das vezes em que estava nos descontinuados uma pessoa ao lado estava à procura de livros do Nabokov, achei curioso o facto de ela estar a perguntar por uma boa quantidade de títulos incluindo Ada ou Ardor sobre o qual já falei aqui algumas vezes - não é um livro fácil. Talvez compre um livro dele para o ano ou talvez devesse parar de meter o nariz nas compras dos outros...

Mas isso é uma das partes divertidas de ir à Feira. Gioconda Belli é uma autora da Nicarágua, actualmente exilada em Madrid, que encontrei durante a volta ao mundo mas não tive tempo de ler. Estava a menos de quatro euros. josefine klougart também não tive tempo de ler nessa altura, encontrei o livro num cesto a sete euros. Ali não eram cestos, mas estão a ver - aqueles livros aleatórios que se encontram no meio dos recintos. Boas oportunidades que uma pessoa não pode deixar de aproveitar certo?

 

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Eu e Leitora Júnior andámos a meter o nariz em todos os cantos da Feira e num desses - vamos ver o que há aqui só porque sim - encontrei mais um livro ilustrado e não resisti. A Liberdade é Uma Luta Constante  estava como livro do dia no último Domingo. Estar a passear e casualmente encontrar algo que se quer muito como livro do dia é uma coisa que não acontece comigo. Se um livro que quero estiver "no dia" estará sempre no outro a seguir a eu ter ido só para fazer pirraça. Os Domingos do fecho costumam ser a pior altura para ir à FL por causa dos magotes de gente e neste calhou a estar um calor horrendo...Mas por dois livros achei que valia a pena.

E esquecemo-nos de levar água - não estávamos tão preparadas como da primeira vez que fomos. Mas não nos esquecemos de levar os nossos saquinhos de pano. A Chegada das Trevas: Como os Cristãos Destruíram o Mundo Clássico era o outro título que também estava como livro do dia neste caso na Saída de Emergência, emparelhado por mera coincidência na foto com o livro sobre a caça às bruxas que finalmente consegui comprar - depois de ter levado com a funcionária mal educada na FL anterior e de ter ido à procura numa livraria mas disseram-me que só dava para adquirir pelo site. Quando se pega nele parece um bocado uma gelatina, meio mole e a capa é tão fina. Preocupante quando a intenção é escrever e sublinhar o dito, de qualquer modo fiquei contente.

png-transparent-strawberry-computer-icons-blueberries-food-leaf-plant-stem.pngPara não pensaram que sou uma leitora modelo que nunca se contradiz:

(a Saída de Emergência edita aqueles livros de fantasia, não é um género literário que me interesse muito. Mas podem adivinhar a única coisa que me chamou atenção porque também já foi mencionada neste blog no passado, sim eu vi-te Howard Phillips, nasty thing, a olhar lá de cima da prateleira, todos os volumes de short-stories a quase dezanove euros cada, treze o preço de Feira. Estou a notar que já li quase todos os contos nos primeiros dois volumes pelo menos - em parte deve vir daqui a minha tendência para coisas estranhas. Mas segui em frente.)

 

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E para terminar mais coisinhas que trouxe dos descontinuados! Um título de Eudora Welty (O Coração dos Ponders) e de Yaa Gyasi - é uma autora nascida no Gana, sim mais uma descoberta decorrente da volta ao mundo será que não me posso calar com isso um bocadinho. O livro que li na altura foi Rumo A Casa e como gostei muito não hesitei em trazer este. Frankie e o Casamento já li mas tinha de ter em papel, é tão bom. Os dois primeiros lembro-me de ter visto em blogs e pareceram-me interessantes. Foram as compras da Hora H mais o Mulheres Invisíveis que já estava há algum tempo na wishlist.

 

Coming of age: Ghibli edition

ou reflexões sobre maturidade

Em homenagem ao anónimo que no post anterior deixou um comentário a dizer que esta que vos escreve tem a mania e que aquilo que vê não interessa a ninguém, hoje vamos continuar a falar de coisas que EU vi. E tenho MUITOS pensamentos.

(Isto é um aviso)

Uma delas foi Kiki's Delivery Service (1989) - honestamente, e olhando para a imagem que tenho agora no perfil, qual era a probabilidade de não gostar de um filme cuja protagonista é uma bruxinha que voa numa vassoura e que tem um sardónico gato falante? É possível que as duas vezes que vi tenham sido no espaço de uma semana, mas não vou confirmar.

 

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Desde a primeira vez que vemos Kiki, o vento a abanar a erva enquanto ela está deitada a ouvir a previsão do tempo num pequeno rádio vermelho, até ao momento em que ela se inclina num varandim para sentir a brisa do mar - não mudava nada. É tudo perfeito. E no entanto também quase não tem enredo.

(What Kind of Sorcery Is This?)

Kiki acabou de fazer treze anos e de acordo com a tradição as jovens bruxas devem viver fora de casa por um ano para melhorarem as suas habilidades e ganharem independência. No início vemos sua mãe a trabalhar numa poção mas detalhes relacionados com magia são mantidos vagos, o foco é que a nossa tenaz protagonista está prestes a iniciar uma nova fase da sua vida. O filme tem uma estética europeia, por exemplo a cidade é inspirada em Estocolmo e Visby, na ilha de Gotland no mar Báltico, bem como em outras cidades europeias - não será a última vez que veremos esta estética. Urbanismo não é a minha especialidade, mas diria que o cenário é por si só razão para ver este filme mais do que uma vez.

 

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Ela conhece pessoas, abre um negócio. É isto. Mais ou menos. Compreendo quem diz que este é um bom filme para ver num dia invernal debaixo de uma manta, quando Kiki voa sobre o mar com as gaivotas, é lindo. Ela está tão entusiasmada por sair de casa - e se conhecer um rapaz e acabar por nunca partir? É melhor apressar-se! - apesar de os seus pais estarem um pouco apreensivos, e toda gente se junta para lhe desejar boa viagem. Estas primeiras cenas estão cheias de expectativa. Mas as dificuldades não tardam a aparecer e são realistas: encontrar trabalho e um sítio para ficar, ir às compras (e constatar que é tudo mais caro do que esperava), fazer contas ao orçamento ainda disponível...

 

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Mesmo quando as coisas parecem ir bem, não é mesmo que a casa. kiki tem lidar com sentimentos de solidão - que parece ainda mais aguçada precisamente quando as coisas estão a correr bem e temos pessoas simpáticas à nossa volta - e começa a comparar-se com outros. Se ao menos socializar fosse um pouco mais fácil...Talvez se ela pudesse comprar aqueles lindos sapatos vermelhos que estão na montra da loja! E tudo isto mina a sua confiança. E ter um trabalho que envolve voar também tem o que se lhe diga pois uma coisa é fazer isso por apenas por gosto, outra é por trabalho e ter de lidar com clientes ingratos debaixo de chuva torrencial. O conflito neste filme é interior.

Estou em crer que a maior parte das pessoas facilmente se identificará com estes sentimentos, quando adolescentes\jovens adultos - com a personalidade ainda em formação e ainda em busca do seu lugar no mundo. E quantas vezes a única coisa que queremos é chegar a casa, cair de barriga na cama e apenas ficar ali um tempo sem nos mexermos. Mas esta questão é ainda mais presente nos dias de hoje quando se fala mais de saúde mental e sabemos o mal que o stress relacionado com o trabalho pode causar. E se ela ficar tão cansada que de repente deixa de conseguir voar? 

A dada altura kiki conhece uma pintora chamada Ursula que vive numa casinha na floresta. Para quem tenha alguma capacidade artística imagino que ficar mentalmente bloqueado deva ser ainda mais difícil. E Ursula não é alheia a tal situação - ela partilha aquilo que costuma fazer quando não consegue pintar. Ter um talento é ao mesmo tempo uma dádiva e uma dor...Os encontros que kiki tem com outras pessoas e todas as experiências que ela vive ajudam-na a ter uma compreensão mais profunda de si mesma e dos seus poderes. Na sua gentileza, este filme relembra-nos que amadurecer é um processo difícil, algumas coisas nunca vão voltar a ser as mesmas, mas que também é recompensador.

 

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*****************************

Recentemente encontrei um artigo, esqueci-me de o guardar, que dizia algo em que nunca tinha pensado: as transformações que ocorrem quando somos jovens são um tema muito comum, certo? Mas algo que é bem menos retratado é a necessidade que temos de um segundo Coming of age quando somos adultos. É como se houvesse um súbito corte num processo que devia ser contínuo.

Only Yesterday (1991) é um filme desprovido de vassouras voadoras e espíritos da floresta - apenas uma protagonista a ter de lidar com as expectativas de ser adulta e mulher neste mundo. Taeko é uma moça solteira de vinte e sete anos (a família faz questão de lhe lembrar que é melhor apressar-se a encontrar um homem pois está ficar velha - esta questão vem à tona várias vezes) que decide usar as suas férias do trabalho para ir colher flores de açafrão [safflowers]. Ela apanha o comboio para lá, trabalha no campo, conversa com pessoas, às vezes dentro de um carro. É isto. 

(Estou a fazer um óptimo trabalho a convencer alguém a ver estes filmes)

Há mais qualquer coisa que acontece: Taeko começa a lembrar-se de episódios da sua infância quando tinha dez anos. A narrativa vai saltando entre estes dois tempos, digamos assim, porém não fica confuso porque os estilos são distintos. O presente é saturado, vibrante e meticulosamente realista.

 

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(Algumas destas imagens foram tiradas daqui)

 

A atenção colocada em cada detalhe é realmente qualquer coisa. Por exemplo, alguém podia assumir que para desenhar as flores do açafrão bastava ver umas imagens, mas foi mesmo preciso ir a uma quinta ver os campos ao vivo e a cores e depois uma animadora ficou encarregue de desenhar apenas as ditas flores por um ano inteiro...O realismo estende-se igualmente às personagens - as vozes foram gravadas primeiro e só depois é que foram feitos os desenhos em vez do contrário, o que seria o método usual. Nem toda a gente é fã, eu acho que dá um charme particular. E quando as duas Taeko se cruzam percebemos que a animação é mesmo género ideal para este filme.

[Há um behind the scenes disponível no Youtube que mostra em detalhe o intenso processo de fazer este filme. O vídeo não tem a melhor qualidade mas vale a pena de qualquer modo]

 

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Em contraste o passado está feito num estilo de anime mais tradicional, com tons menos vibrantes e mais pastel e com poucos detalhes. Na verdade, não é como se viajássemos realmente atrás no tempo, estas cenas são flashbacks - memórias que lhe vêm à cabeça enquanto está sentada no comboio, por exemplo. E normalmente o nosso cérebro só retém uma parte de algo e o resto tende a ficar enevoado. Como é normal em criança as memórias de Taeko estão mais relacionadas com a escola e a casa - ter um crush por alguém, conversas sobre o período...Outras memórias são mais particulares como a cena icónica em que a família prova ananás pela primeira vez.

 

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Mas porque é que ela levaria o seu eu de dez anos na bagagem? A verdade é que a nossa protagonista não está muito satisfeita com o rumo da sua vida. À primeira vista não parece haver nada de errado, ela é independente com um  trabalho num escritório das nove às cinco, só que algo está em falta. Este filme é mais claramente direccionado para adultos - onde encontrar verdadeiro contentamento na vida? Se o vosso eu de dez anos vos pudesse ver agora o que é que diria? Ficaria orgulhoso da pessoa que vocês se tornaram? É preciso chegar a uma certa idade para estas perguntas pesarem um pouco mais...

Nem todas as suas memórias são felizes - a mais nova de três irmãs, ninguém tem muita paciência para ela...Isto pode ser um pouco perturbador depois de dois filmes com pais compreensivos e gentis. Ela tem de lidar com desapontamentos além de repreensões constantes por ser esquisita a comer e ter más notas a matemática. Muitas vezes com o passar do tempo percebemos que algumas coisas talvez não tivessem assim tanta importância...Mas quando se tem um coração jovem e sensível, ainda pouco preparado, essas coisas podem ser realmente difíceis de lidar não é?

A questão é o fazemos com estas memórias, como reagimos a elas enquanto adultos e o quanto elas ainda nos afectam. Sabemos que uma má memória pode pesar o resto da vida nos nossos ombros, mas por outro lado as boas memórias também podem ser uma armadilha já que os humanos tendem fortemente para a nostalgia...Uma coisa que não somos é estáticos, no entanto há esta ideia muito estranha de que a partir de um certo momento o nosso amadurecimento está completo e que devemos ficar fixados num ponto. Há uns dias ouvi alguém numa entrevista dizer que não se podia esperar que uma pessoa tenha a sua vida completamente definida aos vinte e um anos. Concordo, isso é insano. 

A nossa protagonista encontra verdadeira satisfação quando está trabalhar no campo. O filme faz questão de mostrar em detalhe todo o processo de apanhar e tratar as flores de açafrão e reflecte sobre a relação entre os humanos e a terra. 

[É difícil escolher uma cena preferida, mas uma delas é quando as pessoas estão apanhar as flores, o sol está a nascer no horizonte, e elas param uns segundos antes de continuarem o que estão a fazer em silêncio. Não parece nada de especial dito assim, é por causa das minhas limitações de vocabulário]

 

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Mas não se trata apenas de Taeko se transplantar da cidade para o campo, há mudanças interiores que têm de acontecer - de novo é onde está todo o conflito. No fim de contas tudo o que nos acontece, tanto de bom como de mau é o que nos torna aquilo que somos no presente, mas como podemos abraçar essa ideia e fazer as pazes com nosso eu do passado? Ela precisa de reflectir (e de verbalizar - às vezes é útil ter outra pessoa a oferecer uma perspectiva diferente sobre a situação) e da mesmo maneira que aos dez anos passou por transformações emocionais e físicas talvez seja preciso é uma nova metamorfose que lhe permita escolher um caminho mais feliz e até encontrar o amor, quem sabe...

(Embora a relação de amor que está realmente em foco seja entre Taeko e ela mesma. Encontrei um artigo que dizia isto. Também acho bonito que a esperança seja algo que liga estes quatro filmes até agora)

De notar que quando se pesquisa por este filme as primeiras coisas a aparecer têm títulos como este:  "Only Yesterday, Isao Takahata’s Forgotten Masterpiece". Ah sim, este não é um trabalho do Miyazaki mas do seu colega que com ele fundou o estúdio. É provavelmente uma das razões para este título ser meio obscuro logo para começo porque Takahata recebe muito menos crédito. Talvez a viagem introspectiva de uma mulher adulta com longas cenas neo-realistas de trabalho no campo, conversas sobre menstruação e música de leste não seja o que as pessoas esperam de um filme Ghibli - acabou por ser bastante bem recebido no Japão, mas ao contrário de Kiki que demorou uns 10 anos a ser lançado na América Only Yesterday demorou 25. É uma pena, este filme é mesmo uma preciosidade. 

 

Filmes: Respirar Fundo

Finalmente vi a Barbie - agora que já não está mais nenhuma alma a falar do assunto. Na verdade, lembrei-me que ainda não tinha visto quando um dia destes dei por mim a conversar com alguém sobre cinema. Esta conversa revelou-se um bom exemplo da minha parca capacidade para comunicar oralmente e depois fiquei a penitenciar-me, nunca consigo explicar claramente os enredos e por alguma razão dei a entender que sou snob e que não gosto de quase nada...Gostei da Barbie, até arranjei um novo lema de vida: não se confia numa pessoa que não tenha gostado deste filme. 

Outros filmes vistos ultimamente: horror finlandês envolvendo influencers e criaturas com penas (só tinha duas estrelas no site onde o encontrei, mas eu gostei bastante), um documentário sobre freediving (achei que era um documentário sobre os oceanos mas acabei a passar o serão de Sábado em ansiedade a ver pessoas mergulharem centenas de metros só com o ar dos pulmões) e um drama sobre depressão - este foi sugestão da autora do Sweet Stuff.

 

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Hanna Bergholm

2022

"12-year-old Tinja is desperate to please her image-obsessed lifestyle vlogger mother but nothing is ever good enough. One day, after finding a wounded bird in the woods, she brings its strange egg home, nestles it in her bed, and nurtures it until it hatches. The creature that emerges becomes her closest friend and a living nightmare, plunging Tinja beneath the impeccable veneer of her family and into a twisted reality that her mother refuses to see"

 

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 Laura McGann

2023

"A champion freediver trains to break a world record with the help of an expert safety diver, and the two form an emotional bond that feels like fate. This heart-stopping film follows the paths they took to meet at the pinnacle of the freediving world, documenting the thrilling rewards - and inescapable risks - of chasing a dream through the silent depths of the ocean"

 

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Amy Koppelman

2021

"Based on Koppelman’s novel of the same name, the film chronicles the struggle of new mother and children’s book author Julie Davis. In a charming New York apartment she´s working on her next story while doting on her baby boy - the stories follow the theme of showing children how to be brave, but inside Julie is submerged in a world of doubt and darkness due to crippling postpartum depression and anxiety"

 

Quem Escreve Aqui

Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem gracinha * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * alergia ao pó e a fascistas * Blogger há mais de uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio e insultar, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita!

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