Sei que algumas pessoas não ligam à hora em que os livros têm cinquenta por cento de desconto na Feira do Livro - para outras será impossível aproveitar visto que acontece durante a semana à noite. Deve ser a única altura em que penso que este país devia ler ainda menos, quem vir aquelas filas vai pensar que somos os mais cultos da Europa. Eu aproveito para comprar livros que de outro não seria possível ao preço normal - com uma excepção ou outra, só estão no meu radar títulos abaixo dos dez euros. É verdade que também se podem encontrar estes descontos em outros sítios, mas a variedade disponível é um ponto a favor. Mas a Hora H acrescenta uma dose extra de adrenalina à experiência de comprar na FL ainda antes de uma pessoa por lá os pés.
Para começar é preciso verificar se os títulos desejados ainda estão na promoção, agora que a lei fez aumentar o tempo para vinte e quatro meses - é muito irritante quando falham a promoção por duas semanas, aconteceu-me com dois. Depois há títulos que não aparecem na pesquisa do site - erro ou estarão mesmo esgotados? Valerá mesmo a pena encetar conversa com as pessoas da banca para saber? Como boa introvertida eu não enceto diálogo a menos que seja estritamente necessário - o horror quando o livro calha a ser de uma editora que faz batota e só coloca com o desconto alguns livros, não todos e não existe maneira de saber de antemão a não ser perguntando.
E mesmo que o livro esteja dentro da promoção, apareça na pesquisa e que não seja de uma editora batoteira - pode ainda acontecer que essas bancas estejam em outra ponta da Feira e contando o tempo das filas e tudo mais não vai dar para chegar lá em tempo útil a menos que vocês sejam o Flash. Claro que nada disto faz com que a minha lista tenha um tamanho razoável e exequível. Tem dezassete títulos (e no início tinha trinta!)...E não contando com os descontinuados e os usados.
Terminei Kissing the Witch: Old Tales in New Skins de Emma Donoghue, um pequeno livro que reconta histórias e contos de fadas conhecidos dando-lhes um toque feminista e sáfico. Talvez algumas pessoas não gostem que ideias subversivas tintem as suas histórias preferidas, mas não é o meu caso. A realidade é que o período de vida em que uma pessoa acha que a Branca de Neve ou a Pequena Sereia são a última bolacha do pacote foi muito curto no meu caso - eu rapidamente passei a achar estas histórias aborrecidas e depois que passam péssimas mensagens às miúdas. E não tenho um físico de princesa nem um temperamento muito doce por isso também não valia a pena alimentar expectativas.
Não estou a falar dos originais que parecem sempre envolver métodos de tortura inquisitoriais... Isto não lêem os pais aos miúdos ao deitar, que estranho. Basicamente estou sempre disponível para diferentes explorações - não poria este livro no mesmo patamar de The Bloody Chamber and Other Stories da Angela Carter, que ainda me faz suspirar, mas de qualquer modo gostei bastante: da escrita e dos twists e de como as histórias estão todas interligadas.
Por falar em sangue a seguir passei para Bloodchild and Other Stories de Octavia Butler, não tinha a certeza se ia gostar visto que por norma não leio ficção-científica. O conto que dá título deve ser o mais conhecido, ganhou um prémio Nebula e Hugo - uma inesperada história de amor! Mas inclui mais seis histórias e dois ensaios autobiográficos e eu gostei muito da colecção como um todo.
Continuando com o esforço de "despachar" os livros que estão a amarelecer na estante à espera, a maioria abandonados quando virei a minha atenção quase em exclusivo para as autoras, decidi pegar no A Sétima Porta. Infelizmente não gostei assim muito...Nunca tinha lido nada do autor antes. Agora encontro-me a ler um pequeno livro sobre flores e os seus significados\simbolismos, pois queria algo simples e as ilustrações pareciam bonitas (e são) - Floriography: An Illustrated Guide To The Victorian Language Of Flowers. Na introdução é explicado que este era um método clandestino de comunicação numa altura em que as emoções não podiam ser mostradas abertamente - fascinante.
"In 2014, Maia Kobabe, who uses e/em/eir pronouns, thought that a comic of reading statistics would be the last autobiographical comic e would ever write. At the time, it was the only thing e felt comfortable with strangers knowing about em. Now, Gender Queer is here. Maia's intensely cathartic autobiography charts eir journey of self-identity, which includes the mortification and confusion of adolescent crushes, grappling with how to come out to family and society, bonding with friends over erotic gay fanfiction, and facing the trauma of pap smears.
Started as a way to explain to eir family what it means to be nonbinary and asexual, Gender Queer is more than a personal story: it is a useful and touching guide on gender identity—what it means and how to think about it—for advocates, friends, and humans everywhere."
Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem gracinha * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * alergia ao pó e a fascistas * Blogger há mais de uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio e insultar, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita!
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