Fui desafiada pela autora do Sweet Stuff para responder a esta tag rápida sobre aulas e livros. A única parte boa do processo era comprar o material. Ter coisas novas era excitante, até mesmo uma simples caixinha de clipes coloridos. Tinham de ser coloridos, pois a seriedade mata a alegria de viver. Quando uma pessoa começa a preferir canetas elegantes em vez daquelas com patinhos é porque a chama da sua vida já se está a apagar. Para ser justa, os manuais novos também eram entusiasmantes. Até os de matemática e química porque tinham capas brilhantes e cheiravam bem. Umas semanas depois eu de bom grado os queimaria numa fogueira. Ok, vamos às perguntas:
1. Português (ou Língua Estrangeira) - um autor que escreve num estilo que adoras
Clarice e Virginia (não sei se percebi bem, mas o meu coração está a sentir coisas); Shirley jackson (este bolo tão bonito tem dentes); Carson McCullers (solitários e estranhos); Muriel Spark (dark humor); Banana Yoshimoto (reflexivo e nostálgico)
(Kitchen, capa de Heeijin Park)
2.Matemática - um livro que te deixou frustrada
Rebecca
3.Ciências - um livro que te deixou a pensar, ou que te fez questionar a forma como vês o mundo
Alguns recentes:
Ain't I a Woman: Black Women and Feminism, bell hooks
Hope in the Dark, Rebecca Solnit
Eichmann in Jerusalem: A Report on the Banality, Hannah Arendt
Witches, Witch Hunting And Women, Silvia Federici
4.História - o teu livro preferido passado noutra época
Jane Eyre e North And South
5. Desenho/Artes Visuais - o teu livro com ilustrações preferido (infantil, graphich novel, bd, etc)
Qualquer um dos livros ilustrados sobre mulheres que li até agora (o das Cientistas e o da Frida não resenhei, devia tê-lo feito porque são uma belezura, os outros resenhei - aqui e aqui).
6.Hora de Almoço - Um prato de um livro que adorarias experimentar
Delícias Turcas
(doces contam, certo?)
7. Chegar a casa depois das aulas - Um livro com um efeito relaxante
(Não sei porque é que parei no segundo ou terceiro volume da série, tenho de voltar. Não será sempre relaxante, mas é ❤)
No meio de uma livraria cheia de títulos alguém diz: não encontro nada que me apeteça ler. Enquanto eu desespero para escolher um único livro de um lote de sete ou oito que fui acumulando e que agora estão todos ali à minha frente tão apetecíveis. E creio ainda ter ouvido à distância uma senhora perguntar a alguém - para que queres mais livros? Não dá para entender estas pessoas.
Tal como contado no post anterior, terminei o que andava a ler e fui então escolher novas leituras. Só que quando dei por mim já era tarde e vi que não ia ter tempo de começar nenhum dos escolhidos. A minha mente deu logo um salto - saltou o que restava desse dia e as actividades do seguinte e aterrou no momento em que eu ia poder finalmente começar um deles. Imagino que muita gente não colocaria ler em primeiro lugar na lista de coisas que deseja fazer ao chegar a casa depois de mais um dia. Mas eu acho muito reconfortante saber que tenho um livro à minha espera e que vou poder ler nem que sejam apenas algumas páginas, depois de tudo o que era preciso estar feito. Foi algo que sempre me ajudou em dias mais cheios\complicados - é como uma recompensa que dou a mim própria. Não sei como é que se pode sobreviver nunca saindo da própria vida...
"I take out three books and, days later, I’m back, taking out three more. Books stack up in our tiny apartment, by the bed, in the bathroom, in the galley kitchen. (...) I read as I walk to work, I read on the underground trains, I read between my students’ slots, I read in the bath (...) And, one night, in the monsoon season, when the rain is a constant, lulling hum outside the windows (...) I get the urge to put down some words. I get up, find a pencil, open an exercise book at the table and, as Anton sleeps, I start to write"
Já vou a meio do I Am, I Am, I Am da Maggie O'farrell - de onde é tirada a citação acima. Lembro-me de ter lido um livro dela há anos e de não ter achado nada de especial e de repente toda a gente (book nerds): leiam este livro, é muito bom! A propósito de um capítulo em particular dei por mim a pensar: se alguém me tivesse dito não há muito tempo, que agora estaria ler sobre partos eu não teria acreditado. Quando comecei a ler mais escritoras percebi logo que não valia a pena levar a ideia para a frente se não estivesse disposta a ler sobre experiências femininas: períodos, gravidez, partos, vaginas em geral, relações opressivas. Coisas que comecei a encontrar mais vezes nas minhas leituras.
Por acaso umas das primeiras leituras que fiz, inserida neste projecto, era centrada num grupo de grávidas num hospital. Óptimo livro, já falei aqui dele. Fiquei tão irritada quando vi que havia páginas em falta! Claro que as mulheres escrevem sobre outras coisas. Mas não é novidade que ganhei um apreço especial a tudo o que o patriarcado acha uma ninharia, indigna de ser "literatura". Homens a matarem-se uns aos outros e a foderem mulheres, ou a viajarem para outras terras quaisquer onde haverá mais guerras e mais mulheres para foder, quer queiram quer não. Está criado um "mito fundador", dêem-me esses louros. Fácil, porém tóxico.
Quando leio experiências de parto, quer tenha corrido bem ou não, acho sempre terrível. Ao contrário de muita gente que pensa cada vez mais no assunto à medida que cresce, eu vou cimentando a minha vontade de nunca passar por isso. Ao mesmo tempo penso quão fortes são as mulheres, por estas e outras razões. Já tinha desconfiado, mas estou sempre a ser surpreendida.
Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem graça * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * Blogger há uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita
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