É um erro começar livros novos perto da altura de ir dormir. Não dormir para ficar a ler devia ser uma desculpa aceitável, igual a não dormi porque tive insónias ou doía-me as costas. Na verdade, por causa das insónias fico muitas vezes a ler. “Não ouvi o que me disseste, porque estava a pensar no livro que estou a ler”. Perfeitamente aceitável. “Não posso ir, porque este capítulo é muito interessante e tenho de o acabar”. Os leitores vivem várias vidas - que podem ser difíceis de encaixar. Nas alturas em que não consigo dormir acho que prefiro ler um livro do que ler notícias horríveis de coisas que continuam a acontecer (a vida de uma rapariga vale tão pouco que nem é tema digno de debate) ou ler merdas que pessoas escrevem por aí. Se bem que agora estou a ler Eichmann in Jerusalem da Hannah. Não é muito calmante, mas queria muito lê-lo.
Falei no post anterior que fiz uma visita [na verdade fiz duas] a uma tenda de livros que abriu aqui perto. Aqui se apresenta a prova. Só dois custaram 5 euros, o resto foi abaixo disso. Autoras que já li: A Françoise e a Samanta, muito entusiasmada por voltar a esta última. Também entusiasmada por experimentar a Ali e a Jeanette, estavam na minha lista. O Clube da sorte e da alegria já li, mas acontece que não o tinha em papel. É maravilhoso. Apesar de estarem disponíveis alguns livros de autoras portuguesas não reconheci nenhum. Podia fazer logo ali uma pesquisa...Sou moderna, para variar : não tenho net fora de casa. Então trouxe AEstrela. Sobre os restantes não sei objectivamente muita coisa, pareceram interessantes. Agora não volto mais lá, tenho muito auto-controlo.
Andei a pesquisar autoras dentro de um género específico. Foi um erro. Não pela ausência de autoras, mas porque ao fim de poucos minutos já estava a adicionar nomes e nomes a uma lista já comprida demais. Tem sido sempre assim, nem sei porque ainda duvido (porque a misoginia é difícil de extirpar do coração). E agora preciso de ler The Hearing Trumpet da Leonora Carrington. Aterrou perto de mim, a menos de 5 minutos uma tenda com livros daquelas que às vezes aparecem nas estações, decidi ir até lá. Erro. Mais tarde nesse dia dei por mim no acto de arrancar etiquetas, um erro também mas neste caso de quem usa saliva de dragão em vez de cola normal. Nunca é demais fazer este apelo, para evitar que belas capas fiquem eternamente decoradas por etiquetas laranjas, verdes...Ainda por cima algumas são indicação de desconto, lá se vai a vossa imagem de pessoa chique. Espero que o nosso amor seja tão forte como uma etiqueta de desconto num livro. Ou uma pulseira das urgências. É a coisa mais romântica que direi a alguém.
As minhas insónias podem ser produtivas, quando adianto um texto para publicar aqui ou adianto as leituras. Às vezes podem parecer que foram produtivas, mas afinal não: quando me apercebo no dia seguinte que o texto que escrevi na verdade não está nada de jeito (aconteceu ontem) ou que é perda de tempo continuar aquele livro (não tem acontecido. Voltei aos poemas da Rossetti. Maravilhoso) e podem não ser produtivas de todo que é quando dou por mim a ler artigos sobre minimalismo (é coisa que não me atrai muito. Coloquei na pesquisa interior de casas minimalistas e apareceram salas todas brancas e quase sem móveis. Não quero viver no nono círculo de Dante, obrigada) ou sobre a melhor maneira de caramelizar as cebolas. As insónias têm atacado com força esta semana, o que explica porque os últimos posts ficaram tão grandes. As noites são boas para trabalhar na agenda feminista. Amo quando pessoas dizem que existe uma agenda política feminista que está a destruir o mundo. É como se grupos de feministas se reunissem em bunkers para elaborarem planos sinistros de controlo do mundo e extinção dos machos. Bem, tenho de revelar que a minha agenda não envolve decapitar cavalos para enviar as cabeças a homens pelo correio, mas coisas como revisar um texto que devia ter dois parágrafos e acabou com seis, pesquisar autoras e respectivos livros, ler coisas por aí, com tabs abertas em páginas feministas para ter inspiração para futuros textos e saber novidades. Por exemplo, só descobri isto agora e já há tanta coisa para dizer. A primeira é: falta muito?
Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem graça * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * Blogger há uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.