Um porco-espinho literário
Não entendo o pessoal que só lê dramalhões lamechas, em especial os "femininos, com capas rosas e flores ai que isto deve ser tão romântico, vou ter um orgasmo aqui mesmo no meio da Fnac". Agradeço a atenção das editoras em pensarem naquilo que gosto, mas estereótipos e sexismo não estão entre as coisas que me excitam. Um de vez em quando tá, mas se lerem muitos seguidos não vai parecer tudo igual? Nos escaparates parece tudo igual. Livros para não pensar, não é mais fácil abrir a net e ficar a navegar na maionese...Claro que vocês lêem o que bem entendem. Em alguns aspectos sempre fui espinhosa. Outro dia estava a pensar que estou a ficar a velha, que realmente o mundo por si já é duro e que nenhum tipo quer uma mulher de gostos hostis, então talvez devesse ler algo para melhorar o humor diria tipo contos de fadas mas depois lembrei-me que originalmente estes incluem gente a ser atirada para caldeirões cheios de cobras e a ser torturada com sapatos de ferro, entre outros. Fui à net procurar (coisas felizes, não sapatos de ferro...), mas acabei por fracassar: alguns minutos depois encontrei um livro com cartas e diários escritos por jovens na segunda guerra e pensei logo: preciso disto na minha vida. Com pena não consegui encontrar em lado nenhum [We Were Young and at War: The First-Hand Story of Young Lives Lived and Lost in World War II, Svetlana Palmer & Sarah Wallis]. Se vocês são como essas pessoas que possuem um radar interno que as afasta de todas as coisas deprimentes, tenho inveja. Definitivamente eu não tenho isso.