Não quer dizer que os livros façam parte de todas as facetas da vossa vida, mas por exemplo: há dias em que saio de casa apenas com o intuito de passear e de repente aparece à minha frente uma banca com livros. Amo quando isso acontece. E se acabo por trazer alguma coisa, não é culpa minha. Já que ali estou o melhor é aproveitar as oportunidades. Ontem à noite abri o computador norteada por um objectivo não relacionado com coisas literárias: uma hora depois cinco ou seis novos livros já estavam a ser passados para o telemóvel e uma dezena de nomes já tinham sido acrescentados à lista. Mais uma vez não foi culpa minha. Eu só queria uma receita de panquecas.
Não sou capaz de ter uma relação intermitente com os livros - este mês leio, no outro não...É normal que às vezes o ritmo diminua, mas a ideia de acordar um dia e perceber que já não leio nada há tipo dois anos é mortificante. Creio que em algumas coisas sou uma leitora descontraída: não acabo todos os livros que começo e nem sempre os leio por ordem, mas não ter nada "em leitura" é algo que não consigo por muito tempo. Uma semana sem pegar em nada e já parece que o mundo está a sair dos eixos. Também não sou descontraída quanto ao acto de ter: encontrar meia dúzia de livros que já nem se sabia que tinham sido comprados e atirá-los para um caixote é uma cena quase tão mortificante como a anterior. Posso só ter duas estantes, mas sou possessiva. Não consigo evitar.
Desde o último update mais autoras foram lidas - umas foram amadas, outras abandonadas. Acabei o meu segundo livro da Carson McCullers. Gostei mais do primeiro, a Balada do Café Triste [ainda assim ter escrito o Heart is a Lonely Hunter só com 23 anos é um feito]. Também acabei o meu segundo livro da Muriel Spark. Gostei mais deste. Ainda bem que lhe dei outra oportunidade. Aquele sentido de humor torcido é precioso. Na mesa de cabeceira continua o Suite Francesa [vergonha, eu sei] e decidi começar A Tree Grows in Brooklyn - conhecido clássico americano que conta a história de Francie Nolan, uma menina que vive numa zona pobre de Brooklyn nos inícios do século passado. Ela vem juntar-se à lista da qual já fazem parte Mary Lennox [The Secret Garden] e Matilda, ambos lidos este ano. A Matilda foi um pequeno desvio ao projecto das autoras, mas só levou um dia a ler e valeu a pena. Ultimamente tenho pensado na importância de livros com jovens mulheres como protagonistas e o meu apreço e interesse por eles tem crescido.
Algures esta semana estava a ler um livro e havia uma cena que se passava num bordel: um tipo está a receber um tratamento com a boca por parte de uma das senhoras ifyouknowwhatimean e o outro, que é a personagem principal, está parado ao pé. A história é contada ao estilo recordação então ele diz que estava a ver a cena "e a pensar em papas de aveia". Quê? Deve ser o momento mais estranho para alguém se lembrar disso. Quase bate a autora que diz que a cara do seu personagem "surge espontaneamente da sua cartola como vermes brancos nascem do Gorgonzola" ou a personagem que diz da mulher com quem está que é "uma autêntica pêssega". Ainda dizem que ler não é divertido. Um leitor está sempre a ser surpreendido...Ou a ficar com fome quando menos espera.
Vou criar uma associação para reunir todas as pessoas que não vêem Guerra dos Tronos, que não têm qualquer intenção de começar a ver e que não querem saber do quão maravilhoso aquilo é - e que ainda assim têm que levar com a histeria colectiva. A sério, não dou mesmo a mínima...Para nenhuma série na verdade: não vejo nada em canal nenhum. Nada de Netflix. Sou uma mulher das cavernas. Não é que não goste de ver, não tenho é tempo nem paciência para estar a encaixar isso no horário. Em compensação vejo pessoas a jogar coisas no Youtube o que é uma coisa moderna.
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Avisos
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