Em boa Companhia
Última leitura (no tablet) + leitura actual + comprei um novo caderno
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Última leitura (no tablet) + leitura actual + comprei um novo caderno
Pois é: este blog fez 7 anos por estes dias. É sinal que ainda não arranjei realmente uma vida, mas ao mesmo tempo estou contente. O meu bebé com um nome não particularmente bom e que foi criado sem nenhuma intenção particularmente definida está a atingir uma idade respeitável...Sem nunca ter sido mandado às urtigas, embora às vezes desse vontade, e sem ter sido transformado num baby blog. Brincadeira. Ainda gosto de escrever aqui. Obrigado: ao Sapo que vai destacando posts, às pessoas que vão passando e lendo, às que entram aqui através de posts antigos, vejo isso às vezes nas estatísticas e tenho medo de clicar para ver que texto é aquele. É como ter um sótão, mas que está aberto a toda a gente. Às que são rudes...Não, a estas não. Mas fazem subir o ego. E especialmente a todas as pessoas que comentam, favoritam e subscrevem - tudo isso significa bastante. Beijos fofos para todos vós
Em A Vida Secreta das Abelhas Lily que é a personagem principal engraça romanticamente com outra personagem e ele também engraça com ela. Mas como eles são de cores diferentes a coisa torna-se complicada. Ela pensa: puxa, na escola disseram-nos que os negros eram todos feios e burros mas este não é nem uma coisa nem outra e agora o que faço? Enquanto ele pensa: se chegar perto desta rapariga vou acabar morto. Fez-me lembrar daquela situação em que está um grupo de cavalheiros na rua - se eu fosse também um senhor preocupava-me com a possibilidade de me assaltarem. Como não sou tenho de esperar não ser assaltada\não ouvir coisas nojentas\não ser perseguida\não ser violada. Isto acontece desde que temos quê? Uns 11 ou 12 anos? Quanto menos privilegiados somos maior cuidado temos que ter se queremos continuar vivos. Claro que por crescermos e vivermos numa sociedade injusta podemos ser levados a pensar que isto é normal ou que é a maneira correcta de pensar e que temos de defender os nossos privilégios: não quero estas pessoas perto de mim", "não quero ver filmes com elas", "não quero que tenham os mesmos direitos que eu" - e tenho o direito de dizer e fazer tudo o que me apetecer para combater estas ameaças. Algumas pessoas vêem esta questão dos direitos como uma tarte: se estas pessoas pegarem uma fatia eu vou ficar com menos.
Sairmos da nossa própria bolha de privilégio, qualquer que ela seja, não é fácil. Há uns tempos falei aqui da iniciativa de uma livraria americana: durante uma semana todos os livros de homens estiveram virados ao contrário de modo que não se visse a lombada. Nos comentários da notícia havia gente zangada. Pessoal que preferiu sentir-se ameaçado em vez de pensar como é sentir que nunca ou quase nunca se é representado ou como deve ser frustrante sentir que nada daquilo do que se diz é levado a sério. "Não percebo porque é que esta gente faz motins contra a polícia" ou "esta gente não devia estar contente por viver num campo de refugiados? Não caiem bombas ali, ah!" - comentários clássicos. Recentemente encontrei este: "não percebo porque há-de ser mais difícil para as mulheres do que para nós viver sem instalações sanitárias!", alguém que ficou indignado ao ver um vídeo sobre mulheres que vivem em zonas remotas da Índia. Comentários destes mostram quão longe se consegue estar de compreender a realidade de um semelhante.
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