Beijos de Língua
Há pessoal que tem relutância em ler em inglês nunca percebi porquê. Eu não costumava ler livros sem ser em português, mas ganhei esse hábito depois da faculdade. Uma das desvantagens em relação à escola é que na faculdade não se consegue fugir do que não se gosta, não importa que chutem isso para o último ano. E não dava para fugir dos textos em inglês. Também havia em espanhol e em francês. Felizmente nunca tivemos de ler nada em sumério. A dada altura passei a ter umas cinco horas por semana de inglês...Bons tempos, mas acabaram e achei que devia fazer qualquer coisa para não enferrujar. Não escolho livros muito grandes ou complexos. O ultimo que li foi a Coraline. Ler um livro no original tem as suas vantagens - não ter de lidar com a tradução, o que parecendo que não às vezes afecta. É difícil imaginar Saramago noutra língua ou como deve ser ler o Murakami no original e não numa edição passada para inglês e depois para português. E em geral é mais barato. A minha edição do Frankenstein custou um euro numa banca de rua. Ainda se percebe menos quem diz que não consegue ler em português do Brasil. Vejamos: quero muito ler certo livro. Certo livro só está disponível em pt-br. leio. E pronto. Só parece esquisito um pouco ao início e dúvidas numa expressão podem ser resolvidas com o google. Isto significa que a vida da pessoa nunca se vai cruzar com o Assis? As moquecas da dona Flor. A Clarice. É uma pena. Foi num livro do Agualusa que descobri a expressão fazer casa no cangote de alguém. Achei linda. O Camilo usava palavras como opróbrio e panegírico. As personagens do Mia Couto às vezes afastam-se crepusculadas...