Segunda-Feira: Lembrar
(Elizabeth Taylor, fotografia de Peter Basch)
Eu sei, está calor e o pessoal está contente...Mas hoje já acordei suada e não gostei. Depois de tantos posts com queixas do frio, chegou a minha vez de reclamar. Não sei se vocês costumam orientar as leituras consoante o tempo que faz - eu nunca consegui tal. Foi por isso que acabei a ler o Jogador do Dosto numa noite de Verão deitada no meu pátio e o Equador num dia de Dezembro. Há livros que são melhores para ler na praia, por exemplo. Também nunca fui boa nessas conjugações: um dia decidi meter no saco um pequeno livro sobre refugiados que li sentada à sombra. Ainda me lembro do contraste entre o texto e a calma do ambiente. Isto acontece-me amiúde: lembrar-me de onde estava, em que posição e em que estado de espírito quando li certo livro. Talvez seja um pouco deprimente que uma parte das memórias de alguém sejam: pessoa a ler qualquer coisa em qualquer lado. Mas é assim. Há aqueles livros que se lêem melhor numa certa posição, de noite e não de dia...São objectos caprichosos, pesados de tantas memórias. Se pensarmos por esta perspectiva uma estante torna-se de algo de muito íntimo. E no entanto como gostamos de as exibir!