Quem quer ler autoras?
Como contei no post anterior estava com dificuldade em escolher o que ler a seguir. Decidi tirar tudo o que estava na mesa de cabeceira e pegar em algo diferente. Peguei nos Três Mosqueteiros: nada como um clássico de seiscentas e tal páginas a que uma pessoa se pode dedicar por um bom tempo. Li alguns capítulos e fiquei com duas dúvidas: como é que fizeram um desenho animado daquilo?! Nem precisei chegar ao fim da primeira parte para perceber que o comportamento das personagens é um bocado inapropriado. E é impressão minha ou aqueles tipos têm um ego por demais inchado e pensam demais por uma cabeça em particular? Não estou interessada, obrigado. Tenho andado a pensar na descriminação entre escritores e escritoras: são colecções que parecem deixar autoras de fora, jornais a falar da FL mas dando apenas destaque aos autores...
E aquelas listas dos melhores livros de sempre? A do Guardian tem 88 autores e 12 autoras. A do New York Times: 10 em 100. Mas não temam porque a do Telegraph tem 19 em 100. O primeiro romance da História foi escrito por uma mulher, assim como o primeiro romance de ficção científica e o policial mais vendido de sempre...Escrevemos assim tão mal? Há uns tempos li uma opinião sobre um livro em que a pessoa justificava o facto das personagens femininas não dizerem mais de uma linha: porque era assim na época. Mas o problema está é na cabeça do autor. As pessoas tomam como universal a perspectiva masculina do mundo. Quantas lêem o A Leste do Paraíso, por exemplo, e pensam: aqui está a história dos pioneiros que fizeram a América. Não, não está. É apenas uma perspectiva. Pode-se chamar História universal a uma coisa que não representa mais de metade da população? Vou tentar que pelo menos seis das minhas próximas leituras sejam de autoras.