History Lover Problems - IV
Tenho um certo afecto pela música da Laurindinha, aquela que diz: Ó laurindinha, Vem à janela, Ver o teu amor que vai para guerra. Assim como as fotos que só nos mostram um momento na vida das personagens, e quase nunca o antes e o depois, também este pedacinho de música popular deixa muito por dizer. Para começar: que guerra? E quem era a Laurinda? E porque tem ela de ser chamada à janela? Não se despediu dele em casa? Como é laurindinha e não Dona Laurinda se calhar não são casados, além disso o último verso da música diz: Ele torna a vir, Se Deus quiser, Ainda vem a tempo de arranjar mulher - o que nos pode levar a questionar afinal qual é o papel da Laurinda nesta história. Voltando à janela: ela podia ir à porta de casa, a menos que fosse um amor daqueles proibidos - mas que toda a gente sabe pelos vistos - ah isso seria romântico! E ele foi de propósito lá despedir-se e ela teve de largar a roupa que estava a cozer e ir a correr antes que alguém fosse contar ao pai! Também pensei que ela podia ir com ele até ao sítio de embarque, mas a minha mãe disse-me que a viagem para Lisboa era cara e demorava toda uma era cretácea. Talvez fosse uma coisa platónica e a Laurinda tivesse que ser persuadida a ir à janela porque estava com vergonha. Dele também não sabemos nada, a não ser que era novo: deixai-o ir, Ele é rapaz novo, ele torna a vir. Talvez ela tenha casado sozinha como uma vez mostraram no Conta-me como foi. E depois ele voltou, tiveram seis filhos e no fim talvez ela não se tenha arrependido da espera. Ou então não esperou coisa nenhuma e foi ela mesmo para a guerra como paraquedista - algumas foram de facto, mas não vale a pena procurem isso nos manuais de História. Gente, são tantas possibilidades! Talvez eu tenha demasiado tempo livre...