Amantes e livros usados
Finalmente acabei a Lady Chatterley - digo finalmente porque em vez de o acabar no tempo que tinha planeado coloquei-o de lado para ler o Speak, Memory do Nabokov...E ainda bem! Mas tinha que tinha que voltar a este e ontem foi o dia. Como disse no post anterior, estava a gostar...Ainda só tinha lido dois capítulos e a crítica à sociedade pós-guerra parecia interessante. Mas depois o caldo entornou e os últimos capítulos foram uma tortura. A sério gente que livro é este? Sexista a um ponto que se torna insuportável, as cenas de sexo são aborrecidas, as personagens são horríveis - não é possível conseguir uma ligação emocional com elas. Nem se aproveita o marido, nem o amante (uma besta), nem em última análise a própria Constança. Há uma parte em que o tipo decide começar a tratar a vagina dela por Lady Jane. Se eu estivesse a ler isto sentada numa cadeira, ter-me-ia afundado. Se procuram um livro onde o órgão masculino apareça descrito em toda a sua glória - aqui têm. Também há algo a dizer sobre Jane, mas não tanto e claro que os papéis de cada um estão "bem" definidos. Não é fácil de ler: o texto às vezes é obscuro e além disso é repetitivo. Ainda bem que não leio ao pé de uma lareira...
Por coincidência a Guerra e Paz lançou agora uma nova edição. O meu é da Círculo de Leitores e está até em bom estado. Como disse ontem num blog que sigo - o que importa é ler. O facto é que os livros usados são mais baratos, especialmente os clássicos. Um livro de vinte euros, facilmente se encontra a dez ou até a cinco. Está riscado ou tem mofo? Serve. Mas muitas vezes estão em bom estado. Há de tudo. Cá em casa, no entanto, a entrada de livros velhinhos causa polémica: não sei se já contei aqui, mas é já um facto assente que um dia morreremos todos intoxicados pelo cheiro do papel. Também já me proibiram de comprar coisas muito velhas na FL deste ano. Mas amo as bancas dos alfarrabistas e se vir algo de interesse é pouco provável que resista - é tão bom remexer naquelas bancas. Sei que há pessoal que não gosta da ideia de meter o nariz num livro assim ou pegar num que tenha folhas a cair (tadinho), mas eu na verdade gosto do cheiro: tem qualquer coisa de reconfortante e principalmente de sólido, num mundo que parece estar-se a desintegrar.