Que é um stress para quem está numa relação; uma grande chatice para quem não está; uma falta de originalidade: nem propostas de casamento faltam quando não são feitas bem no meio da rua, porque os desconhecidos têm mesmo de ficar a saber; fomenta estereótipos de género e ideias sobre o amor que não são verdadeiras: que o amor é uma mera transacção (eu ofereço isto neste dia e ela faz aquilo ou vice versa), sem falar na própria ideia subjacente: hoje seja atencioso para a sua cara metade; é um gasto desnecessário e é representado pela figura creepy de um anjinho com flechas.
O universo de pequenas coisas da vida que nos dão prazer é vasto e acho que ler Austen no quentinho enquanto lá fora chove devia fazer parte dele. Se calhar não devia publicar aqui nada relacionado com a minha cama porque ontem entrou aqui alguém pesquisando "fotos deitado na cama coberto", mas ok...Anne Elliot é heroína da história, uma mulher doce e sensível. No passado tomou uma decisão que feriu os sentimentos do nosso protagonista masculino - uma coisa fofa (ainda que por vezes irritante) que ainda para mais usa uniforme. Eles voltam a encontrar-se mas não se falam. Encontrar por acaso um ex e ter vontade de usar o arbusto mais próximo como esconderijo...Quem nunca? Claro que o livro também é bom por outras coisas: pensar que vou acabá-lo deixa-me infeliz. Mas tenho mais alguns que queria começar em breve: pensar nisso deixa-me feliz. Parece-me que uma vantagem de envelhecer é poder não aproveitar o Carnaval e esses afins sem remorsos e sem ser criticado.
Recentemente em conversa nos comentários aqui no blog surgiu o tema do papel das mulheres na guerra - pouco conhecido, como acontece em muitas outras áreas. Manuais de História e afins passam a imagem das senhoras a acenar com lenços e depois a voltarem para os seus novelos, fomentando a ideia que elas eram umas incapazes especialmente em "assuntos de homens". O ano passado escrevi um post sobre isto e lembro-me de ter ficado sem espaço para tantas personagens femininas que encontrei. Elas eram aviadoras, condutoras de tanques, espiãs, mecânicas...Assim, é com prazer que este estaminé apresenta mais um episódio da rubrica que também se podia chamar: histórias sobre as quais Hollywood fará cerca de zero filmes.
Filha de mãe americana e pai indiano, descendente de uma dinastia imperial, Noor Inayat Khan era uma princesa de coragem invulgar. Em 1940 entrou para a Women's Auxiliary Air Force onde recebeu treinamento como operadora de rádio e em 1943 tornou-se a primeira mulher operadora a ser enviada para a França ocupada. O trabalho era tão arriscado que em média um espião só conseguia trabalhar seis semanas antes de ser descoberto. Mas quando o grupo de Noor foi descoberto ela recusou-se a fugir, tornando-se o único operador de rádio em Paris - tinha que estar em movimento constante para não ser apanhada. Isso aconteceu duas vezes: quando se recusou a assinar um papel renunciando a novas tentativas de fuga enviaram-na para Dachau. Noor foi morta a tiro lá em Setembro de 1944.
Simone Segouin era membro de um grupo da resistência durante a ocupação. Era mensageira (passava secretamente mensagens de um grupo para outros), participava nos combates de rua e em missões que incluíam explodir pontes, descarrilar comboios e capturar soldados alemães: em Agosto de 1944 (e com 19 anos) ajudou capturar 25 na sua cidade natal Thivars, a cerca de 80 km de Paris em cuja libertação também se envolveu. A sua coragem valeu-lhe a Cruz de Guerra, uma condecoração militar. O ano passado foi dado o seu nome a uma rua e ela esteve presente na cerimónia.
Rose Valland era funcionária do Museu Jeu Du Paume - uma galeria nas Tulherias que está anexada ao Louvre - quando em 1940 o Reich decidiu usar o espaço para guardar obras recolhidas em outros museus ou retiradas a famílias judias e que depois eram enviadas para a Alemanha. Rose foi o único funcionário francês que não foi despedido, pois além de trabalhadora era discreta. Tão discreta que eles nunca perceberam que Rose era fluente em alemão e que entendia tudo o que era dito. Num diário ela ia secretamente registando o nome de cada peça e o sítio para onde seria enviada. Mais: ela entregava esses registos à resistência que tentava impedir o embarque. Ao longo de 4 anos ela catalogou mais de 20 mil obras: graças a isso quase todas foram recuperadas no fim da guerra.
Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem gracinha * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * alergia ao pó e a fascistas * Blogger há mais de uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio e insultar, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita!
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