Segunda-Feira: Tristessa
(Lana Del Rey)
Não vi os Óscares. Já não tenho televisão no quarto: há meses que não a ligava até que me cansei de a ter ali. Devia tê-la tirado depois da cerimónia, mas de qualquer modo não sinto falta. Entretanto passei por uma variedade de sentimentos literários. Ligeiro enfado: o romance histórico sobre D.Sebastião nunca mais chega à parte fatal tadinho, desespero: decidi continuar com a minha ideia de um dia ler todos os contos de Lovecraft, irritação: tentei ler um romance com uma boa premissa, mas não deu. Escolhi outro e o sentimento provocado por este é difícil de definir. Uma tristeza, mas não pelos motivos habituais quando personagens morrem ou assim. É qualquer coisa que vem da maneira como alguns livros estão escritos, como são tristes de uma maneira tão íntima e simples que conseguem quebrar qualquer coisa bem cá dentro. É como uma vez em que olhei para um céu estrelado e tive vontade de chorar - era tão bonito que doía. Só me ocorrem três livros que num passado recente me tenham feito chorar do nada, simplesmente pelo poder das palavras. A Strange melancholy pervades me to which I hesitate to give the grave and beautiful name of sorrow. Não é estranho como alguns autores se afadigam a escrever volumes quando uma única frase pode atingir um coração?