Aquele momento em que uma pessoa vê bancas com livros - digamos que as bancas aparecem subitamente a meio do caminho - constata que os preços são bons e pensa: "sim senhor livros novos bem baratos podia levar um", mas então vê uma pequena secção de livros velhos e não consegue resistir. Não é culpa minha: mas quando têm aquelas capas duras com letras a dourado e estão assinados ou têm papelinhos por dentro...Aquele ar de já terem passado por muito. É por isso que a FL é uma espécie de paraíso, embora não tenha trazido muitos desta vez: há uma acção concertada das pessoas à minha volta para me encaminharem para livros em estado de conservação mais aceitável alegando sobretudo motivos de saúde. É melhor nem mostrar aquele estudo que diz que snifar livros velhos faz mal por causa dos germes. Sempre se pode optar pela vela: a sweet, earthy smell with a hint of must. Também na versão livraria: cozy and sweet blend of earthy tones, with notes of timber, driftwood, and hazelnut cappuccino. Apetece-me encomendar meia dúzia, na boa.
Então é isto: este blog faz cinco anos. Na verdade já fez a semana passada, mas não me lembrei. Meia década...Nada mal. Nunca fiz planos antes nem faço agora: enquanto tiver coisas para dizer e me divertir a escrevê-las vou mantê-lo, depois logo se vê. Também não pretendo ganhar nada, para além daquilo que já ganho: as vossas opiniões e as vossas estórias. É para isto que deve servir um blog em primeiro lugar, certo? Então, um obrigado a todos os que vão passando aqui e deixam palavras - serão sempre muito apreciadas. Obrigado também aos que vão visitando e favoritando, mesmo quando o fazem em modo anónimo e fico sem saber quem é para que possa retribuir. Não faz mal, é apreciado à mesma. Enfim, todos os que dedicam um pouco do seu tempo a vir aqui. E ao Sapo que agora até nos faz entrevistas quais vedetas - gosto mais de fazer entrevistas do que dar, mas foi giro. Não parecendo uma pessoa habitua-se a isto de blogar. E fazendo as contas: blogs que vão, anúncios de casórios, aumentos de família, blogs que voltam...E eu aqui a tentar não deixar as peúgas espalhadas pelo chão. Fiquem ligados para acompanhar os meus progressos nesta área, para o que mais aí vier e:
Como disse num post anterior nada como ficar um tempo sem net para perceber o real valor da palavra impressa. Creio que um dia quando der um trangolamango ao mundo as nossas maquinetas irão à vida mas os livros vão ficar. Dos que estão na foto: After Dark - gostei muito. É tão doce e bizarro. Além disso tem um motel do amor chamado Alphaville...Tão bom. Stolen Child é sobre uma super modelo a quem roubam a filha recém nascida: é razoável - bem escrito, sem drama em excesso. O melhor é o modo como algumas personagens falam: "none a yer bleedin´business" ou "i´m real sorry for ya"...É engraçado. Centelhas também não é mau: é sobre uma família que tem segredos e tal. Há um pedido de casamento feito em cima de um cogumelo gigante: eu aceitaria logo. Cada dia é um milagre foi um bocado decepcionante...Antes tinha lido um livro deste autor sobre um grupo de pessoas que vivem numa lixeira - O Olimpo dos Desventurados - e fiquei bem impressionada, mas não consegui ligar-me à estória deste. Meh...Houve dois que gostei muito e que não ficaram na foto: A Eternidade Não é Demais de Francois Cheng que em inglês tem este título maravilhoso: Green Mountain, White Cloud: A Novel of Love in the Ming Dynasty. A estória de dois amantes que as convenções da época impedem de ficar juntos mas cuja ligação não esmorece com o passar das estações. Cada vez que olham um para o outro é quase como se fosse uma experiência religiosa...É lindo, profundo e cheio de sabedoria. Mais um para lista das releituras.
O outro que merece referência é um YA. Escreve-se tanta porcaria neste género que quando se encontra algum que presta fica-se tipo this is real life? É assim: a América está dominada por uma seita que diz que os fiéis vão ser arrebatados e depois virá o fim do mundo. Nada que preocupe muito a nossa protagonista Vivian Apple até ao dia em que os seus pais se tornam crentes e posteriormente desaparecem sem deixar rasto. Não lhe resta senão ir à procura deles com a ajuda da sua amiga desbocada e de um possível namorado super fofo. Uma óptima estória, do tipo destópico - bem real, com muito material para reflectir (fanatismo religioso, tolerância, activismo...) e com detalhes entre o hilariante e o cínico - "Irmãos, os americanos foram escolhidos porque Deus ama o capitalismo!". E depois tipo: temos uma protagonista e uma coadjuvante e elas são badass...Num contexto onde as mulheres não são muito apreciadas se é que me entendem. Não é frequente num livro destes encontrar bons personagens especialmente meninas mas este tem - até o protagonista masculino consegue não ser irritante ou pretensioso. Há acção, cenas sérias e pouca lamechice: a estória não gira à volta disso. Até o final é bom, embora fosse melhor se não houvesse continuação. Agora tenho de acabar os que estão na mesa de cabeceira.
Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem gracinha * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * alergia ao pó e a fascistas * Blogger há mais de uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio e insultar, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita!
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