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Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Ilustres desconhecidas - II

alfonsina-strada2012.jpg

 

A personagem de hoje foi uma sugestão do Tiago do blog Zanadu...E que sugestão!  - Alfonsina Morini Strada nascida a 16 de Março de 1891 na localidade de Castelfranco Emilia - foi a primeira e única mulher a correr uma grande volta do ciclismo. Aprendeu a andar aos 10 anos quando o pai arranjou uma bicicleta velha em segunda mão e aos 13 já ganhava a sua primeira corrida. A família, camponesa e tradicional, não gostou e até os vizinhos achavam que ela estava possuída pelo diabo. Aos 16 foi sozinha para Turim para competir a sério e dois anos mais tarde participou no Grande Prémio de São Petersburgo onde recebeu uma medalha das mãos do Czar Nicolau II. Em 1911 quebrou o recorde de velocidade feminino definido seis anos antes: 37,192 kph (e que bateria de novo em 1938: 35,28 kph) e chega a Milão onde consegue contratos para correr em pistas e velódromos incluindo alguns em Paris. O seu jeito de correr considerado desapropriado e imoral para uma mulher causa escândalo por isso a família fica contente quando ela decide casar-se com um mecânico chamado Luigi Strada. Mas ele, que era igualmente apaixonado por ciclismo, não tenta impedi-la: dá-lhe como prenda de casamento uma bicicleta nova e passa a ser o seu treinador. Em 1917 e 1918 participou no Giro da Lombardia, prova de estrada de um dia feita anualmente, mas a maior ousadia viria em 1924 quando participou na 12ª edição da volta a Itália. 

 

As pessoas reunidas no dia dez de Maio desse ano para verem o início da corrida devem ter ficado perplexas quando perceberam que o corredor nº 72 era uma mulher - de calções pretos, pernocas ali ao léu, no meio dos outros corredores. O percurso tinha 12 etapas: saindo de Milão descendo para Roma e Nápoles - Alfonsina provou o seu valor ao deixar vários concorrentes para trás e terminando a 3ª etapa a 45 minutos do primeiro classificado - chegando ao fundo da bota e começando a subir até Bolonha - as estradas não eram pavimentadas e estavam cheias de pedras e gelo. Ela cai, levanta-se e torna a cair. Na 8ª etapa começa a chover. O guiador da bicicleta parte-se e ela acaba por ser desclassificada por chegar fora do tempo. Mas decide prosseguir - entretanto a sua fama tinha-se espalhado e já ninguém quer arredar pé até vê-la passar. No dia 1 de Junho, 3610 km e muito esforço depois, ela é um dos 30 corredores (dos 90 iniciais) a chegar ao fim e é aplaudida efusivamente pelo público. Tinha acabado de provar que uma mulher se pode bater igual para igual com os homens mesmo nas provas mais duras - no total da carreira ela ganhou 36 corridas contra ciclistas masculinos. Embora não tenha mais participado no giro, ela contínuo a pedalar - em 1956 ganhou a sua última corrida. No ano seguinte comprou uma mota Guzzi V8 vermelha que conduziu ruas fora até ao seu falecimento em 59.

 

Sobre não ver televisão

Enquanto estava a ver os Óscares - vi duas horas - lembrei-me por acaso que aquela era a primeira vez em bastante tempo que ligava a TV, tipo em meses...Não foi com a intenção de virar hipster ou assim simplesmente comecei só a ver os programas que me despertavam curiosidade e depois quando perdi o interesse neles deixei de ligar a caixa. As coisas que vejo são basicamente notícias e não na TV do quarto. Creio que consegui eliminar em definitivo o zapping...De facto, o computador satisfaz as minhas necessidades de entretimento e informação e tenho uma lista ridiculamente grande de livros por ler. A blogosfera vai-me sempre mantendo informada do que passa de interessante, por exemplo, acabei de ler um post sobre o festival da canção e eu nem sabia que ainda participávamos nessa coisa. Não foi tão difícil quanto pensava largar o hábito...talvez porque o objectivo não era tornar-me uma eremita - um meio tomou o lugar do outro - mas também porque as coisas já não são o que eram e neste caso não estou a falar da qualidade ou da falta dela. É que quando eu era pequena as pessoas ainda se juntavam em redor da televisão - era a coisa e não uma das coisas apenas - a discutir o que estavam a ver ou a vibrar com os jogos sem fronteiras. Puxa, as pessoas realmente viviam com intensidade esse momento em frente ao ecrã...Não é como agora ficar a vaguear por trezentos canais tipo zombie, quando mais se tem parece que pior é. Ainda gosto de ver programas de cultura geral acompanhada, por exemplo, infelizmente como não conseguem vencer a telenovela então acabo por não ver de todo. Outra coisa que se perdeu: lutar pelo comando da televisão.

 

E que lutas aguerridas eram! Então em miúdos...Hoje em dia o pessoal não precisa de partilhar a sua opinião á mesa de jantar pois tem uma imensidão de redes, como esta, onde divagar sobre como acabavam com o estado islâmico se fossem eles a mandar. Resolvemos todos os problemas do mundo enquanto teclamos. Acho que o acto de ver televisão perdeu a alguma da sua mística....E nós também estamos cada vez mais a perder a paciência para ela. Estamos a ficar com o raciocínio ao nível de um bebé que é incapaz de seleccionar os estímulos e tenta agarrar tudo - incapazes de concentração e pressionados a todo o momento para revelar coisas de níveis diversos de intimidade. É um pouco aquilo que disse há uns posts atrás sobre as pessoas já não terem paciência para obras contemplativas ou com muita descrição...Ficar parada em frente ao pequeno ecrã sem fazer mais nada é bem difícil. Também noto que o silêncio já teve maior importância - nunca como agora tivemos tantas opções para afogar os nossos pensamentos inquietantes, embora como pessoa que repassa os mesmos erros vezes sem conta não possa condenar totalmente isto. No fundo limitei-me a eliminar mais um estímulo e constato que até nem me faz assim tanta falta...Quando falo disto o pessoal tende a olhar meio de lado  - deves ver montes de TV por dia! Nop. A net é outra estória se bem que não me considero um caso extremo - não do tipo ficar sem facebook cinco minutos e ligar para o número das urgências. Ao que chegámos...

Uma questão de nomes

Sou a única que acha graça aos nomes que as bloggers usam para se referirem aos namorados? Algumas só põem a primeira letra e um ponto mas outros são mesmo engraçados. Melhor que a mania de tratarem as leitoras por fofas ou queridas ainda assim...Os namorados são uma espécie de personagem mítica - parecem em mais metade dos posts, às vezes são eles o mote do próprio do blog, mas nunca os vemos. É o contrário dos animais de estimação: não há dono de cão ou gato que babosamente não publique fotos deles regularmente. Acho que às vezes ficamos a saber mais da própria relação que eles e certamente ficamos a saber de coisas que aconteceram em datas que eles não se lembram. E como nunca os vemos também não podemos conferir se a blogger está a exagerar quando descreve certos pormenores...Com excessivo detalhe por vezes. Acho muito bem que vocês vivam plenamente a vossa sexualidade mas há coisas que não sei se quero saber. Também tenho que arranjar umas entidades misteriosas para apimentar este blog - isto que de uma pessoa dizer que vai para a cama ler não dá com nada. Se ainda fosse para lá com amarras...Mas é outra mania que não curto muito. Nem de propósito acabei de ver que no Japão uma pessoa já se pode casar sozinha com direito a festa, fotos e viagem. All of the glamour, none of the relationship diz o artigo...Quando uma sucursal disto chegar cá vou me inscrever e depois meto aqui as fotos.

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Quem Escreve Aqui

Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem gracinha * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * alergia ao pó e a fascistas * Blogger há mais de uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio e insultar, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita!

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