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Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Sobre o senso de superioridade...

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Outro dia vi esta notícia curiosa: tribunal de Nova Iorque analisa se chimpanzés presos devem ser considerados pessoas. Basicamente há quatro símios a viver em cativeiro no estado de Nova Iorque e o tribunal tem de decidir se eles devem ser considerados pessoas legais e como tal ter direito á liberdade. A ideia partiu de uma organização pelos direitos dos não humanos que pretende que os animais sejam colocados num santuário onde possam viver em paz. Fiquei a pensar nisto e com franqueza parece-me muito ridículo. Não pelos motivos óbvios - símios serem considerados pessoas, o horror! Mas pelo simples facto de se perder tempo a discutir se um ser vivo deve ter ou não direito á liberdade...Porque não tiram logo os animais das condições em que estão? Quando escrevi aquele post sobre o feminismo fiz de questão de ressalvar que todos, mulheres e homens, devem ter direito a uma vida digna. Esqueci-me de dizer que também os não humanos têm direito a isso - se não puderem viver em liberdade nos sítios em que a natureza os destino, porque os racionais já destruíram esses lugares, ao menos que possam viver num sitio seguro com condições. Percebo a ideia da organização, claro, mas não deixa de ser triste que se tenha de ir a tribunal provar que os animais têm sentimentos...

 

Um dos problema do ser humano, de nós todos, é o senso de superioridade que se manifesta a vários níveis. Achamos sempre que somos superiores aos nossos semelhantes porque temos três telemóveis e o outro só tem um, ou porque andámos na faculdade e o outro só tem a primária...Ou simplesmente achamos que as nossas escolhas são as melhores e desprezamos quem prefere outros rumos. Eu sou superior porque penso assim, porque me visto assado, porque faço isto e estou absolutamente certo. O passo seguinte, porque ninguém é uma ilha, é ir procurar outras pessoas que também pensem ou façam x e y. A internet, que devia ser um espaço de abertura, está cheio disto - grupos fechados e que se tornam até agressivos. Também temos tendência a nos achar superiores enquanto colectivo - já não somos nós enquanto indivíduos, mas nós enquanto nação, território ou raça. Há pouco tempo li um livro do Eça, um conjunto de crónicas que ele escreveu em Londres, e dizia numa delas com o seu sarcasmos habitual que nos achamos no direito de escravizar outros povos só porque eles não sabem construir pianos ou escrever óperas cómicas. Somos tão apegados aos nossos computadores e foguetões que ficamos perplexos aos descobrir que há pessoas no mundo que vivem sem isso.

 

E ás vezes achamos que temos mesmo o direito de destruir quem não partilha das nossas ideias...É relativamente simples: basta alguém com o mínimo de carisma em cima de um palco a debitar umas larachas. Ao contrario do amor que precisa de ser cultivado e isso, o ódio só precisa de um pequeno rastilho para se espalhar mais rápido que o ebola. Não é um acontecimento datado no tempo, está sempre a suceder. A um nível mais vasto o ser humano acha-se superior ás demais formas de vida no planeta e por isso usa e abusa dos recursos. Ficamos reconfortados ao pensar que os animais não têm sentimentos ou raciocínio complexo - um touro é uma simples besta porque não havíamos nós de o espetar? Estar um tribunal a decidir se os animais devem ou não ser libertados, não passa de mais uma prova em como nos consideramos superiores a tudo o resto. Claro que ganharíamos mais se vivêssemos em comunhão com outros seres vivos, animais e plantas, mas...O mais perigoso é talvez aquela ideia: são apenas quatro macacos - é apenas um cão, apenas uma mulher numa terrinha, apenas uma escola, apenas um milhão de pessoas. É como naquele poema - um dia levaram o meu vizinho e eu não me importei. Então levaram-me a mim. Espero que tenham conseguido libertar os chimpanzés...

 

Leituras actuais e frio

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Decidi despachar os livros que tinha a meio na mesa de cabeceira...Estava a ficar uma torre enorme por isso achei melhor não ir á estante buscar mais enquanto não acabasse os que tinha ali. Também andei a actualizar o meu registo de leituras cuja a ultima entrada datava do período jurássico. Já não consigo ser uma leitora organizada...Comecei a ler um policial mas interrompi para ler este - já o tinha tentado ler antes mas andava cansada e não continuei. Gosto de o ter por perto, sentir o peso e a capa dura...Foi uma boa colecção esta. Entretanto também o coloquei temporariamente de lado para ler o livro da Malala, mas já estou a acabar. Preferia que estivesse frio...Com o calor não consigo parar quieta e fico rabugenta (mais ainda...), mas com o frio sabe bem estar no meio da mantas. Gosto especialmente de ler de manhã quando o dia ainda não começou a aquecer. Este Verão está a revelar-se um intrometido...Melhor ainda se nevasse, mas não prevejo que isso suceda. Tenho esta uma obsessão com a neve...Vamos ver com estará a lotação da mesa de cabeceira para a semana.

 

Esse tabu...

...que é uma mulher dizer que não gosta de crianças. Eu até gosto de bebés: eles riem-se por tudo e fazem barulhos engraçados, mas não tenho grande talento crianças mais velhas...Nunca sei bem o que dizer ou o que fazer. De maneira que também não me imagino a ter nenhuma. Prezo muito o sossego proporcionado por um sofá em noites de sexta feira, e além disso acho que enlouquecia de preocupação: será que ele está bem? Será que está doente? Será que tem frio? Parece-me demais...Já enjoa estarem sempre a falar nos noticiários que temos de fazer bebés. Claro que há pessoas que querem e não podem ou não têm condições, infelizmente, mas talvez haja pessoas que simplesmente...Não queiram? Há uns tempos vi uma reportagem que falava disso - sobre o facto de cada vez mais pessoas optarem por não terem filhos e por isso haver cada vez mais hotéis e coisas do género só direccionadas para elas. E vocês dirão: as pessoas estão cada vez mais egoístas...É verdade, talvez seja egoísmo mesmo, mas uma família de apenas dois, mas não deixa de ser uma família e não significa que se seja infeliz. E antes que digam que penso assim porque ainda não encontrei um homem, não precisam que diga o que acho dessas ideais de encantar não é? O ponto é: somos todas obrigadas a ter instintos maternais? Eu gosto de gatinhos, de livros, da minha sobrinha...Acho que chega. Imaginem uma mulher dizer que gosta de praticar mas que dispensa o resto...Basta simplesmente ficar pela primeira premissa. É outro tabu - as mulheres não f$%&, só fazem amor e nunca admitem que gostam...É não lady like falar dessas coisas. Claro que há mulheres que o fazem...Elas gostam de ver o mundo pegar fogo. Em suma tomem as vossas opções e não chiliquem com as dos outros.

 

(update: este post está em destaque. Obrigado Sapo! Ia caindo da cama abaixo quando vi...)

 

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Quem Escreve Aqui

Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem gracinha * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * alergia ao pó e a fascistas * Blogger há mais de uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio e insultar, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita!

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