Passeando Por Sintra...
Na semana passada fui á Quinta da Regaleira em Sintra...Esta já não é a minha primeira visita, é para aí a terceira - adoro e nunca perco a oportunidade de lá ir de novo embora tenda a evitar o Verão por causa da confusão (andava lá muita gente, mesmos nas ruas da vila brotavam por toda a parte. Não consigo deixar de pensar que os de fora apreciam mais isto que nós), acho que dificilmente se encontra um lugar com um ambiente semelhante. Não é tipo Monserrate um pouco mais acima, com os seus jardins e o seu pequeno palácio de influência árabe ou como o Palácio de Queluz, uma Versalhes em miniatura também com uns jardins catitas, é mais uma espécie de Dr. Jekyll and Mr. Hyde...
Á superfície há os jardins com as estátuas clássicas latinas de musas com as coroas de louros; as fontes sempre a jorrar água fazendo um som calmante e cristalino, um lago com parrecos em cuja superfície os raios de sol desenham formas, ouve-se o canto dos pequenos pássaros e ás vezes surgem borboletas pousadas nas flores que por ser verão estão particularmente exuberantes. É muito agradável...E depois há as passagens subterrâneas onde quase não entra a luz e onde está sempre húmido e fresco, aquela frescura das rochas e onde cheira a não sei quê de primitivo e inicial. É como entrar na intimidade da terra, agora que penso, sentir-lhe o cheiro e as formas - acho que a terra deve ser fêmea em certo sentido. Anyway, a atmosfera numa parte e noutra é notoriamente diferente: seguro em cima, inquietante em baixo. O próprio jardim vai ficando mais bravio á medida que se sobe. Parece que a intenção do arquitecto era representar o céu e o inferno.
Quando se está no fundo dos poços não é difícil imaginar os rituais que se praticavam ali. É estranho, talvez por isso me agrade tanto lá ir e especialmente meter-me pelos túneis - o que no entanto não é aconselhável sem luz. Não vão querer bater com a cabeça numa saliência rochosa e abrir um lanho...O próprio palácio encaixa-se bem neste ambiente com todos aqueles pináculos e pormenores trabalhados misturando detalhes manuelinos e góticos. O interior é interessante, mas não tanto como o exterior para mim. Tem-se uma boa vista lá de cima.
Também há toda uma variedade de símbolos por ali espalhados nem todos de maneira óbvia e alguns um bocado suspeitos. É um sitio muito marcado pela esoterismo. Um dos poços, por exemplo, tem exactamente nove patamares, a tal história do Inferno. Há sempre coisas novas para descobrir em cada visita e de qualquer modo se não forem apreciadores de história também não faz mal, não precisam sequer de entrar no palácio. Podem passear só - é um sítio para todos os gostos.
O preço é acessível, seis euros, dá para chegar a pé, aliás não percebo quem é pode achar boa ideia levar carros para o meio de Sintra, mas ok...Tempo estimado da visita: quatro horas - desta vez, mas não cheguei a ver tudo. Depende da vossa passada e da minúcia da observação. Os monumentos em Sintra, em geral, são todos bastante recomendáveis. Também há os museus, alguns são de graça, e o mar claro. Eu já tinha falado de Queluz e da Pena, e é provável que andem por aqui outras fotos da Regaleira. Desta vez esqueci-me da máquina por isso não ficaram tão boas...Não manda aquela inveja, como se eu tivesse ido para a Polinésia Francesa, mas é uma visita que vale muito a pena.