Filme: Maleficent
Toda a gente conhece a Aurora - a princesa enfeitiçada pela bruxa, como vingança por não ter sido convidada para a festa, e que depois pica o dedo e cai a dormir até chegar o príncipe. História adoçada pelos Grimm e depois transformada em clássico pela Disney, onde á semelhança de outros contos tudo acontece como devia: o bem vence e mal e todos acabam felizes. Não há meio termo: quem é bom é feliz e quem não é recebe a punição. Mas todas as histórias podem ser contadas de mais do que de uma maneira. Já olharam para dentro de um caleidoscópio? Não se vê apenas um fragmento, mas centenas deles juntos e rodando vê-se os vários padrões que formam. Assim são as historias, as reais e as imaginadas...As mesmas contas formando diferentes formas.
Maleficent é um destes exercícios caleidoscópicos: a história da Bela Adormecida, vista não por ela, mas pelo seu oposto. Somos levados a acompanhar Maléfica desde que era uma pequena fada dona de um coração brilhante e guardiã de uma terra encantada, até á sua passagem para o lado negro da força...Algo que normalmente é ignorado partindo do principio que os vilões têm simplesmente um carácter torcido e nada mais. Nesta versão, a maldade de Maléfica advêm não do nascimento mas do crescimento...Mais que um simples reescrever de um clássico, este filme acaba por ser também uma forma alternativa de analisar a questãodo bem e do mal. Porque é tão simples ver as coisas de maneira linear, isto é branco isto é preto. Nunca se espera que a bruxa má se comova ou que a branca de neve desate a gritar com os anões, isso não faz parte. É a esta a moral que pauta a narrativa: não nascemos maus, podemos nos tornar, mas também nos podemos redimir. Podemos ser o herói e o vilão da nossa própria história. Acho que boa uma mensagem, especialmente para quem está há pouco tempo neste mundo, e bem melhor que o redutor viveram felizes para sempre - não julguem antes de terem visto todas as cores do caleidoscópio.
A história faz assim uns quantos desvios ao original, o que pode não agradar a alguns, mas não é por isso que perde o encanto de um conto de fadas. Quem não gostaria de viver numa terra cheia de quedas de água e criaturas míticas? Mesmo que não se seja fã de fairytales, eu não sou fã, mas gosto especialmente desde há uns tempos para cá, deve ser de estar a ficar velha, há um bom motivo para ir ver: A Angelina. Ela é absolutamente magnifica. A maneira como interpreta as diferentes camadas da personagem...Parece que nasceu para o papel. O resto do elenco é competente, Ella fanning não está nada mal como Aurora (embora não se perceba porque é que ela fica com o príncipe....) e as aquelas três fadas são um mimo. Adorei os cenários e creio que devem merecer o preço do bilhete 3D. Algumas partes podiam estar melhor explorados e há uma ou outra talvez demasiado cliché, além do inevitável narrador. No geral é um filme com pontos interessantes, nada aborrecido e realmente encantador para os pequenos e para os grandes. Vale a pena também ficar para ouvir a versão mais dark de