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Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Leitoras e outras divagações

Andava a navegar pela blogosfera literária quando encontrei um post em que a autora dizia que embora pareça que as mulheres lêem mais que os homens, parece também que continuam a haver mais escritores masculinos que femininos...Em relação a esta última parte creio que as coisas já estão mudar, especialmente olhando para os escaparates das livrarias. De resto não é dificil adivinhar por que é que ao longo das História sempre houve mais escritores do que escritoras. 

 

Mas em relação á primeira parte da questão, enquanto comentava lembrei-me de um fenómeno que costumava observar quando andava de comboio e sobre o qual nunca tinha pensado. Eu costumava ver até bastante gente a ler, mais do que tinha pensando...Principalmente mulheres. Realmente mais de metade das pessoas que encontrava com um livro na mão eram mulheres, sobretudo jovens. E com todo o tipo de livros, não só aqueles light...Havia de tudo desde Jodi Picoult até Murakami. Mas há medida que a faixa etária ia avançando a presença de livros ia diminuindo. Ver senhoras de sessenta anos a ler, por exemplo, não era algo comum tanto quanto me lembro. Com os homens era o contrário: aqueles que via a ler tinham á volta de uns trinta, quarenta anos ou até mais. Jovens era muito raro. Uma pena, pois gostar de ler é uma característica sexy. Eu acho!

 

Talvez outros utilizadores dos transportes tenham uma percepção diferente, mas foi o que me pareceu. Fiquei a pensar se isto não estará também ligado a outros fenómenos, por exemplo, a presença feminina no ensino superior. O meu curso está cheio de moças...Uma área onde tradicionalmente não entravam senhoras. Toda a faculdade está, inclusive os mestrados. Eu Tinha até um professor que costumava dizer na brincadeira aos alunos que se não prestassem atenção nós, mulheres, tomávamos conta disto tudo. E eu ficava a pensar que já não era sem tempo, embora algumas coisas tipo gritinhos histéricos na porta de entrada fossem dispensáveis. Como é obvio não sou socióloga, mas parece que o nível de instrução entre o género feminino está a sofrer um grande aumento. De resto, até nem nos podemos queixar muito...É comummente aceite que aqui no ocidente gozamos de uma liberdade sem comparação. 

 

  (Foto de Steve McCurry, tirada daqui)

 

Mas isso não significa que não haja coisas aqui a precisar de mudar. Infelizmente, há coisas que têm raízes de tal modo difíceis de arrancar que nem as ervas daninha...É impressão minha ou uma mulher para ter uma carreira de sucesso em qualquer lado tem sempre de abdicar de algo? Será por isto que no topo das empresas os lugares são quase sempre ocupados por homens? Porque será que a esmagadora maioria dos chefs de cozinha são homens?

 

Por acaso nunca tinha pensado nisto, mas há uns tempos deu um programa parecido com o Masterchef na SIC Mulher mas com profissionais e as poucas mulheres que apareceram foram logo eliminadas. Achei estranho...Até que ás tantas um dos concorrente disse, a propósito de uma pergunta qualquer que lhe fizeram, que passava todo o dia no seu restaurante e ás vezes a noite...Ah! Pareceu-me ver aqui pelo menos uma vertente da questão. Singrar em qualquer área exige dedicação...Escreve exige dedicação. Mas fica complicado quando se tem de se desempenhar tantos papeis diferentes e todos na perfeição, senão as críticas não se fazem esperar...Também há uns tempos encontrei uma outra coisa que me deixou a pensar: uma  fotografia de uma deputada Italiana no parlamento Europeu em plena sessão com a filha ao colo.

 

 

De facto, não é só uma mulher ter de ser tantas coisas diferentes, como o mercado parece ser muito pouco flexível em relação a estes aspectos: é mais facilmente aceite que se leve o cão para o trabalho do que um filho, aliás do site de onde tirei esta foto havia comentários de pessoas que achavam a cena desrespeitosa, afinal se ela queria crianças que abdicasse do trabalho. Não haver alguém a dizer para ela ir coser meias é uma sorte. É o tal  tipo de coisa que é difícil de arrancar e se ao menos fossem só os velhos a dizerem isto...O mundo em geral continua a ser tramado para quem nasce com um pipi. 

Questões de Privacidade

Outro dia estava a ver uma peça no telejornal e uma especialista em qualquer coisa que não me lembro dizia que os jovens de hoje tem um conceito de privacidade totalmente diferente do das pessoas que os precederam. Achei esta afirmação deveras inquietante. Em primeiro lugar por ser realmente verdade. Nunca cesso de me espantar com as coisas que as pessoas são capazes de revelar na web...Nem vou falar nas redes, que isso daria pano para mangas e não sou grande expert, visto não ter conta em nenhuma, mas por exemplo a blogosfera. É algo que também já teve os seus dias dourados mas onde ainda se encontram coisas interessantes.

 

E igualmente coisas do além. A forma como algumas pessoas se expõem, tipo dizem tudo em detalhes e com nomes como se estivessem a escrever num caderninho cor de rosa com folhas de cheiro. Admito que é difícil separar as coisas...Acho que ás vezes digo demais neste blog e apetece-me apaga-lo, não o faço porque acho que depois ia ficar triste. Mas não tem conta a quantidade de textos que mando para as trevas do esquecimento, mesmo depois de ter perdido tempo a escrever e a revisar porque simplesmente não têm lugar aqui. Parece que as pessoas se esquecem que qualquer um pode chegar aqui, inclusive as pessoas visadas nos textos...

 

Creio que deve ser por causa deste aspecto íntimo que os blogs têm: são o nosso canto que tanto trabalho tivemos a pôr bonito e não sei quê. Agora imaginem que vocês têm um namorado. Isso é porreiro e é normal que falem disso, mas há coisas que são too much information. A menos que aconteça qualquer coisa de anormal tipo tiveram um orgasmo de três horas e tiveram de ir ao hospital como aquela senhora não sei onde, guardem certos pormenores para vocês...Depois também me parece que algumas se esquecem que nada do que é publicado desaparece.

 

Li sobre isto numa revista qualquer e passei a encarar o acto de clicar no botão de publicar com menos leviandade do que antes. Vamos ser apagados da superfície da terra, mas o nosso rasto na web continuará cá. Claro que isso pouco importa depois de mortos, mas sabem lá se aquela foto que publicaram no face á cinco anos quando estavam bêbedos não voltará para vos assombrar. Parece sinistro, porém possível...Anyway, o mundo parece funcionar ao contrário da lógica: criticam-se as pessoas com bom senso e louvam-se as pessoas que não têm nenhum. Também é por isto que não tenho face: não quero perder o que ainda me resta de esperança na humanidade...

 

De facto, eu contrario geral, ou seja, prezo a privacidade. Claro que faço concessões entre elas estes blog e outras indispensáveis á vida no mundo de hoje. Mas continuo a prezar o meu quarto de quatro paredes por enquanto não vigiado e os meus caderninhos. Pareço ter uma tendência para gostar de coisas em vias de extinção: canetas, maquinas fotográficas, carteiros, abraços, papel...Tento não cair nem muito para um lado nem muito para o outro, o que ás vezes...

 

O certo é que vivemos num mundo onde tudo é superficial desde a privacidade, que é cada vez mais um conceito de retórica, passando pelas pessoas, relações, democracias...Também achei a afirmação algo inquietante, porque creio que pior do que se esmorecer o conceito de privacidade é que as pessoas abdicam dela voluntariamente.Todos os dias perdemos um bocadinho e não há nada a fazer porque lá de cima dizem que é para nossa segurança e não sei quê...Aceitamos como normais, coisas não são nada normais. Associado a isto penso sempre, o meu pensamento é tipo salta pocinhas, na questão da individualidade. Aquilo que nos torna únicos estão a ver? Quando estudava os regimes totalitários na escola era das coisas que achava mais inquietante: o anular da individualidade de cada um, como lá na Coreia onde o pessoal só pode cortar o cabelo de determinada maneira. É como viver, sem no entanto existir...

 

Acho realmente que há valores que não se deviam perder. Por acaso não sei se já tinha falado destes assuntos aqui, afinal já lá vão quase quatro anos, mas admito que parece um cenário negro. É...Eu não tenho uma visão muito positiva do mundo. Para compensar vou mostrar onde fui no fim de semana passado, num próximo post!

Não posso ir á Fnac...

...porque é tudo muito caro e não tenho dinheiro e mesmo que tivesse não dava para comprar tudo o quero e de qualquer modo também não posso comprar mais nada até diminuir a lista de espera mas depois descubro mais uma novidade para adicionar á wishlist e concluo que nunca vou ter tempo nem para ler uma milionésima parte do que já foi escrito e depois vou-me embora sem levar nada e é tudo uma tristeza.

 

Estes pensamentos ocorreram-me depois de uma ida á Fnac do Chiado onde havia umas promoções. Nada de interessante abaixo dos dez euros, mas havia uma banca com o Admirável Mundo Novo e livros do Nabokov e do Maugham (ás vezes as estrelas alinham-se e acontecem estes milagres....), bem como outros clássicos. Infelizmente não havia possibilidade de sair com a banca inteira, entretanto encontrei uma edição em inglês das obras completas da Austen a um preço que me pareceu em conta...Não que o meu inglês seja uma perfeição, mas quero lá lá saber:

 

 

Não posso ir á Fnac. Ou a qualquer livraria. Ou a qualquer sitio onde haja livros. Em compensação o meu interesse em outras lojas é moderado...

Quem Escreve Aqui

Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem gracinha * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * alergia ao pó e a fascistas * Blogger há mais de uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio e insultar, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita!

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