Como eu tinha dito no meu post sobre o To Kill a Mockingbird, andava a precisar de mudar de ares a nível literário. Não gosto de ler livros que se passam na mesma época ou no mesmo sítio assim de seguida...Ora, depois de quatro livros passados na América sulista estava a precisar de viajar figurativamente para um sitio completamente diferente, tipo com neve ou montanhas. O meu estado de espírito levo-me a pegar na Expiação do Ian McEwan, sabe-se lá por quê visto que não tem nenhuma das coisas anteriores. Anyway, eu já andava para comprar este livro há imenso tempo, mas até á última Feira do Livro, nunca se tinha proporcionado. Já nem me lembro porque o coloquei na wishlist, sim eu tive em tempos uma wishlist que tinha um número de páginas imenso...Tive de desistir de a ter, embora alguns títulos me tenham ficado na cabeça. Basicamente tinha planeado ler o livro em questão durante esta semana, mas acabei por lê-lo em dois dias...
Tive a sensação de que se o largasse depois ia ser difícil voltar...Aconteceu-me não há muito tempo com outro livro: li metade de seguida e depois larguei-o para só acabar agora passado meses. Ando muito sensível e quando a história começa a ficar difícil a minha primeira ideia é fazer uma pausa...Estou a envelhecer e a ficar mole, definitivamente. Assim este do McEwan foi quase todo lido de rajada. E em jeito de micro review tenho isto a dizer: alguns livros deviam vir com aviso. Tipo os livros eróticos que trazem (pelo menos alguns) um aviso de conteúdo susceptível. Alguns deviam vir com um aviso do género: cuidado leitora, quando menos esperar o seu coração irá derreter tipo malteser posto ao sol. Assim uma pessoa podia prevenir-se com um lenço (ou vários...) e escusava de ter que usar as mangas da blusa. Analisando friamente é um livro bastante bom: o enredo é engenhoso; a reconstituição histórica é interessante e a prosa é magnifica. Aqueles primeiras páginas são um prazer de ler! A narrativa não é muito fluída....É preciso ter alguma paciência, mas vale apena. E aquele fim...É a melhor coisa do livro, a seguir á cena da jarra, sim que eu sou obtusa e só percebi as maroscas do enredo no final. Enfim, mais uma recomendação aqui do estaminé. Já agora convém esclarecer que a minha pessoa não necessitou de usar a blusa para limpar os olhos. Pelo menos até as primeiras 190 páginas. A partir dai...Ai gente...
Há dias via a seguinte notícia: Betty Faria Indignada com críticas por ter ido á praia de Biquini. Não sei quem é a senhora, mas tenho de concordar com os críticos: então não se vê logo que as senhoras a partir de uma certa idade só devem ir á praia vestidas como afegãs? Aliás senhoras de idade nem deviam entrar nas praias de maneira nenhuma para não deprimir as meninas novas que acham que vão ficar assim para sempre. Nem sequer na rua devem andar, que desagradável para a vista...Como diz a MarinaGirls Never look a day past thirty, logo esta senhora já devia estar num canto qualquer como os iogurtes que passam do prazo mas que nos vamos esquecendo de deitar fora.
Toda a gente sabe que uma mulher não é para ser ouvida, é para ser vista...Depois quando passa do prazo é para ir sendo progressivamente esquecida, até porque nessa altura uma série de bonequinhas barbie, a quem também terão prometido juventude eterna, já terão ocupado o seu lugar. De facto, não importa que a senhora seja livre de andar até nua se lhe apetecer. A liberdade de acção e consciência são coisas da retórica, o que importa é o prazo. Passaste, estás fora. O mundo é assim e os velhos são a degradação, o fim, a senilidade...Não devem andar para aí a incomodar quem ainda não pensa nisso. Sim, que isto dos velhos activos fica bem em reportagens, mas não na vida real propriamente dita.
Devia haver um limite de idade para entrar nas praias, de forma a não chocar os que se acham juízes. Imaginem quantos não devem ter morrido de apoplexia assim que viram a senhora de biquíni...Não se faz! Também devia haver uma limite de peso, imagina-se gordos e gordas a estragar na vista no areal. Gordos ainda vá, um homem pode ter o peso que entender e ainda assim ser popularíssimo, mas mulheres nem pensar.
A sociedade exige perfeição, toda a gente sabe: és velha, tens pneus, tens sardas (eu desde que vi uma moça a dar dicas para tapar as sardas, já estou por tudo), não tens peito...Que vais para uma praia fazer? Devia haver pessoal a impedir a entrada de banhistas feios. Melhor deviam arranjar-lhes uma praia á parte, coitados podem nem ter culpa de não ter nascido com a qualidade mais importante de todas, ainda que seja uma qualidade que tem ela própria a validade de um iogurte. E não venham com aquela treta da beleza interior...Só as pessoas feias dizem isso, para se sentirem melhor.
E esqueci-me dos deficientes...Imaginem estragar a vista aos saudáveis. Portanto, é obvio que esta senhora brasileira devia ter juízo e da próxima vez enfiar uma burca. Ah adorável feira das vaidades que glorifica para a seguir queimar...Adorava fazer parte dela, infelizmente sou feia. Se quiser ir á praia amanhã devo escolher uma burca amarela ou azul?
Pergunta o Inspira-me qual o nosso dueto musical preferido...Este foi o primeiro que me lembrei e em boa hora porque há imenso tempo que não ouvia. Portanto aqui ficam Sharon den Adel e Anneke van Giersbergen
Como eu gostaria de contrariar as 1867 pessoas que deram cinco estrelas a este livro na Amazon bem como contrariar as incontáveis reviews positivas que encontrei...Não sabia que era uma obra tão conhecida. Há uns tempos andei a pesquisar um certo livro que por acaso ainda tenho a meio e nem informações sobre o autor encontrei...Mas, neste caso não dá para ser do contra. O livro é realmente bastante bom, tirando um pormenor ou outro que o ia fazendo voar pela janela, mas ler á noite sob trinta graus de temperatura não é fácil...A despeito da minha muita vontade ás vezes, nunca fiz nenhum livro voar pelos ares. Em relação á história achei três coisas surpreendentes: a escrita fluida (quase não há descrições...); o facto de não ser só sobre racismo e a sua actualidade. Realmente as sinopses (pelo menos a sinopse da minha edição...) são enganadoras. Este livro é sobre muitas além das questões da cor...Acho que é sobretudo um livro sobre crescer com tudo o que de maravilhoso e inesperado este processo implica. Um bom livro para aqueles que se esqueceram que um dia foram crianças...O facto de a história se apesar no Alabama (onde parece que faz um calor dos infernos...) em 1935 não tem grande importância, em certa medida, porque os valores ali retratados são universais bem como intemporais.
É daquelas obras que nunca passam de moda. A nível de personagens tenho dizer que a Scout (é a narradora, que tem nove anos) entrou para o meu top de personagens favoritas...Ela é absolutamente hilária e de opiniões certeiras dadas daquela maneira própria das crianças. É a melhor coisa do livro para mim. Por outro lado, não percebo muito bem porque escolheu a autora tal crime, dado que o desfecho seria sempre o mesmo. Felizmente a história não se torna demasiado sórdida, só um bocadinho wtf ás vezes...Anyway o estaminé recomenda a obra. Não esta edição que está cheia de gralhas. No geral colocá-lo-ia em terceiro no top de melhores livros lidos até agora neste ano, sendo aqui termina meu périplo por terras sulistas iniciado há uns tempos...Hora de rumar a norte!
Assim de repente lembro-me de ter tido uma professora que achava que a minha turma e eu por consequência éramos um bando de burros por estarmos em humanidades (uma docente de inglês, notem este pormenor...); uma que achava que tínhamos culpa dos problemas pessoais dela; uma que nos obrigava a fazer poses de ioga esquecendo-se que havia um café mesmo em frente e uma com a mania de casamenteira. Aluno ás vezes também sofre...