Ontem eu e uma colega começamos a falar do que fazíamos em crianças. Devo dizer que não falo muito disto, para as pessoas não me acharem ainda mais bizarra do que normalmente acham....Nunca brinquei com barbies, nenucos, roupinhas e coisas afins. Uma vez disse a uma tipa da minha turma que nunca tinha brincado com barbies e ela olhou para mim como se eu fosse o alien...Como se não houvesse um milhão de coisas mais interessantes para fazer do que pentear cabelos de bonecas. Mas voltando á conversa inicial, estávamos eu a minha colega a falar destas memórias quando a conversa divergiu para os desenhos animados que víamos. Decidi arriscar e perguntar se ela sabia o que eram as esferas do dragão. Resposta dela: "o que? hum...eu não via isso, era muito violento"....Seriously? Da proxima vez pergunto-lhe se ela sabe o que um Squirtle...Bons tempos...
Margarida Gautier é uma jovem e bela cortesã requisitada pelos homens mais ricos da sociedade parisiense. Vive rodeada de luxo e leva uma existência frenética, ocupando os lugares mais destacados nos bailes e nos teatros (para onde vai sempre acompanhada por um ramo de camélias, daí o título). Todos conhecem o seu nome e não há homem que não a deseje tomar por amante. É precisamente numa das noites em que ela está no seu camarote num dos teatros que lhe é apresentado Armand Duval. habituada a ser corteja, Margarida trata o jovem com desprezo, porém alguns encontros depois começa a perceber que Duval não é como os outros homens com quem tinha privado até aí. Ele não deseja exibi-la como um troféu e preocupa-se seriamente com a sua saúde, chegando a chorar quando a vê cuspir sangue para um lenço. Margarida entrega-se assim, pela primeira vez, de corpo e alma e os dois vivem um amor intenso que desafia os preconceitos da sociedade. Infelizmente este é um amor condenado e a tragédia acabará por separa-los...
Escrito em 1848 esta é uma das mais famosas obras de Alexandre Dumas, filho do escritor com o mesmo nome. Foi inúmeras vezes adaptada por conhecidas actrizes como Sarah Bernhardt em 1899 e Greta Barbo em 1936, numa adaptação cinematográfica. Serviu também de inspiração á célebre ópera de Verdi, La traviata. É considerada uma obra fundamental do romancismo francês. Para simplificar digamos que é parecido com FreiLuís de Sousa do nosso Garrett. De facto, ambas as obras partilham características em termos de estilo: o fatalismo, a tragédia, os sentimentos pujantes e exacerbados, os diálogos carregados de sentimentalismo...Tudo é levado ao extremo: o amor, a loucura, o ciúme e depois o desfecho trágico. É um tipo de escrita que pode não agradar a alguns leitores.
No entanto, a obra tem alguns pontos de interesse o principal dos quais é a crítica que o autor tece á sociedade francesa do seu tempo. Dumas é impiedoso no retrato que nos apresenta: o de uma sociedade de indivíduos boçais, mesquinhos e oportunistas que se regem por uma moral oca. Isto é visível logo no inicio, quando há o leilão em casa de Margarida. Convêm dizer que a história se inicia com Margarida já morta e como ela morreu cheia de dívidas o recheio da sua casa é posto a leilão. Este procedimento é retratado em inúmeros romances muitas vezes com uma intenção crítica, como acontece em A Feira das vaidades de Thackeray. É cómica forma como o autor descreve a visita das senhoras “sérias” aos aposentos da cortesã, procurando “rastos dessa vida impura de que lhes tinham feito, sem dúvida, tão estranhas narrativas”. De facto, Margarida vive rodeada de gente oportunista a começar pela sua amiga Prudência que apenas se preocupa com os seus próprios lucros, até aos amantes e admiradores que se vão afastando um por um.
A protagonista morre, assim, completamente sozinha. É irónico que seja Margarida, uma prostituta rotulada de devassa e pecadora, a única personagem verdadeiramente nobre, capaz de se sacrificar pela pessoa que ama. O final é verdadeiramente dramático e impossível de esquecer. Outro ponto interessante é que esta obra tem também um cariz autobiográfico. Dumas tinha uma relação com uma conhecida cortesã chamada Marie Duplessis. Pelo que li, ele amava-a sinceramente, porém não era suficiente rico para a sustentar pelo que os dois se separaram. Marie morreu em 1847 de tuberculose, com apenas 23 anos. Morreu arruinada e sozinha. É legítimo pensar que este livro foi escrito em sua homenagem, preservando assim a sua memória até aos dias de hoje. Actualmente os dois repousam no cemitério de Montmartre em Paris. Concluindo, não foi um livro que tivesse entrado para o top dos meus favoritos, pois não sou grande apreciadora de literatura romântica, mas não deixa de ser uma narrativa interessante. Não aconselho a lê-lo quando estiverem deprimidos.
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