Flores na Tempestade
Flores na Tempestade de Laura Kinsale
Christian é um duque inglês genial para a matemática, mas que leva uma vida devassa. Maddy é uma mulher de 30 anos que vive modestamente com o seu pai cego. A vida destas duas personagens tão diferentes cruza-se devido a um trágico acidente: durante um duelo o duque é gravemente ferido e entra em coma. Quando acorda é incapaz de falar e a família considerando que perdeu a razão interna-o num hospício. Pouco depois Maddy vai a esse hospício procurar emprego e fica chocada por encontrar lá o duque. Decide então ajuda-lo, qual missão. O que ela não sabia é que essa missão se tornaria superior às suas forças...Trata-se assim de um romance histórico com elevadas doses de romantismo. Digamos que é uma espécie de chick lit, mas passado no século XIX. Há alguns pontos positivos a destacar. O primeiro é que a autora conseguiu evitar o cliché "personagem masculino salva personagem feminina frágil e indefesa", aliás Christian é bastante dependente de Maddy embora também a manipule.
A parte do hospício é interessante pela forma como a autora trata o sofrimento do duque, acorrentado como um animal. Este foque na revolta interior de Christian e nas dúvidas existências de Maddy contribui para uma maior profundidade quer da história quer das personagens. Certos pormenores históricos são também interessantes, por exemplo, o facto de de Maddy pertencer à sociedade dos Amigos que ainda existe hoje em dia. Esta sociedade é uma divisão da igreja protestante fundada no século XVIII em Inglaterra. Os seus membros regem-se pela simplicidade em todos os momentos da vida. Maddy vive em permanente indecisão entre seguir o duque cuja excentricidade e extravagância a chocam ou seguir os ensinamentos da Sociedade. A história acaba por se arrastar demasiado com situações desnecessárias.
O comportamento casmurro das personagens torna-se irritante, especialmente porque a dada altura se percebe logo como vai acabar. Em alguns momentos Maddy faz lembrar Jane Eyre pela forma como defende as suas convicções. É uma mulher pobre e pouco bonita, mas com um espírito lutador. No entanto as suas indecisões não são justificáveis já quase no final do livro...e sempre se poupava papel. Em termos de escrita é um livro banal, mas para ler debaixo da manta com uma chávena de chocolate quente serve perfeitamente!