The nightmare

Começou o mês de pesadelo para os pais: são os livros, as explicações, mais toda uma série de parafernália, multiplicada por dois ou três rebentos (cada vez menos...não admira que isto seja um país de velhos). Ora, parece-me que estas despesas podiam ser reduzidas (e qualquer redução é boa nos dias que correm…) se houvesse da parte das entidades envolvidas, tão simplesmente bom-senso. Comecemos pelos pais: será que as crianças precisam mesmo de dois carrinhos cheios de coisas? Que têm piores notas se escreverem com uma bic (nem chegam a um euro) nem vez de escreverem com naquelas canetas xpto que tem cheiro? Agora até há umas canetas com música... (será que se podem usar numa sala de aula?) É claro que os petizes pedem, mas eles são só isso mesmo: petizes. Não tenho filhos nem planeio vir a ter, mas tenho as minhas opiniões sobre pedagogia: acho que as crianças não devem viver alheadas, quais budas que um dia olham para lá do muro e vêem a realidade. Não vão ficar traumatizados por descobrir que a vida não é um mar de rosas...Se há material bom do ano anterior não vale comprar, de certeza que uma mala não se estraga de um ano para o outro (a minha pretinha já tenho desde o 9ºano :). Previamente pode se combinar fazer uma cedência ou outra. Mas se se permite que o Joãozinho ande pelo corredor do hiper a fazer exigências qual D. João V, não é de admirar que se gaste muito.

No que toca aos livros não há remédio, tem mesmo de ser. Aqui falta o bom-senso das escolas (são elas que escolhem os manuais, corrijam se estiver enganada). Pessoas que têm mais de um filho podiam poupar passando os livros de um irmão para outro. Mas os manuais mudam todos os anos! Pior: muitas vezes compram-se os livros e os caríssimos educadores não usam. Se não prestam, queixem-se a quem os escolheu. Gastar-se 30 ou 40 euros em livros que não se usam é gozar com quem gasta o dinheiro. Podem-se sempre usar para forrar os armários ou tapar os buracos das secretárias (ou janelas, ou portas, ou cadeiras, ect…). Já agora aflige-me as listas de material de desenho que é preciso comprar, muitas vezes só para usar um ano ou dois. É mesmo necessário? Parece-me que os professores se esquecem que a miudagem além daquela disciplina tem mais um Evareste delas. E aqui entra a falta de bom-senso do Ministério, que parece não ter noção da inutilidade de algumas disciplinas (e da importância de outras…). Assim de repente lembro-me das minhas aulas de Estudo acompanhado passadas a jogar à forca ou, muna manhã memorável, a escrever a tabuada (calhou-me escrever a do cinco, o que foi uma sorte porque eu só sei até aí), ou das minhas aulas de Área Projecto que nunca serviram para fazer nenhum projecto até chegar ao 12º (o resultado encontra-se nesta plataforma, sob forma de um blog giríssimo). O que me quer parecer é que este pessoal do Ministério não faz ideia do que é uma escola. Estão lá nos seus gabinetes alcatifados, com ar condicionado…Enquanto os alunos gelam no inverno e têm de se sentar em cadeiras partidas. Infelizmente as leis neste país perdem-se no sinuoso caminho entre a teoria e a prática.