Formada em psicologia e com uma vasta experiência na área da educação, desde 1979 que Torey Hayden tem vindo a escrever sobre o seu trabalho quotidiano com crianças com necessidades especiais. Em Portugal é conhecida sobretudo pelo livro “A Criança que não queria falar, que conta a história de Sheila, uma menina de seis anos vítima de maus-tratos. A continuação é A menina que nunca chorava.
Este “Filhos do Afecto” tem uma particularidade. Não se trata de uma turma previamente formada, mas de uma turma que se forma por ela mesma, com crianças tão díspares que nos perguntamos como poderiam conviver numa sala. Nesta altura a autora estava a trabalhar como professora de Estudo Acompanhado, pois tinha saído a lei que definia que todas as crianças com necessidades especiais deviam ser integradas no ensino normal. Quem leu A Criança que não queria falar irá com certeza lembrar-se da “lixeira”. No entanto, decide acolher uma criança autista: Boo com sete anos. Segue-se Lori, uma afectuosa menina que devido a maus-tratos ficou com lesões no cérebro que a impedem de reconhecer as letras e Tomaso, que foi expulso da escola por ser agressivo. A última a chegar é Cláudia, com doze anos, grávida. A rapariga que não sabia ler, o rapaz expulso da escola, a menina de doze anos grávida e a criança maluca.” E no entanto apoiam-se nos bons e maus momentos, criam laços, riem e choram. É a capacidade de superar as diferenças que torna este livro tão comovente. Estas crianças dão-nos uma verdadeira lição de vida. Ensinam-nos a amizade sem preconceitos, a apreciar as pequenas coisas, como os malmequeres a despontarem na Primavera e a neve nas vidraças. A beleza num mundo imperfeito.
Algumas situações, infelizmente, revelam quanto as pessoas podem ser ignorantes. Decididamente não são os estudos ou cursos que tornam as pessoas melhores ou mais esclarecidas. Há momentos neste livro que são verdadeiramente revoltantes (a páginas tantas há uma senhora, nada esclarecida, que pergunta a Torey porque perde tempo a ensinar aquelas crianças…). O mais revoltante ainda é situações destas se continuarem a passar hoje em dia. Além dos citados também já li Uma criança em perigo e A prisão do silêncio, mas destes não gostei tanto.
Bem, na versão que conhecemos no final aparece um caçador que mata o lobo e salva avó e neta. Mas no original não existe nem caçador nem avó. O capuchinho é comido e pronto. Esta história nunca me convenceu. Em primeiro lugar na versão original o lobo não diz “vem deitar-te ao pé da avozinha”, mas diz “vem para cama comigo”, entre outras expressões substituídas por não serem próprias para crianças. Em depois as meninas decentes não andavam de vermelho (cor da luxúria…).
The Little Mermaid
Não conheço a história da pequena sereia. As sereias que conheço afogavam os marinheiros gregos, atraindo os seus barcos em direcção aos rochedos com o seu canto. Pelo que descobri a sereia não fica com o príncipe, este casa com outra. Ao ver isto a sereia fica desesperada e transforma-se em espuma. Este fim foi mudado pelo próprio Christian Andersen.
Snow White
Por caso gostei de um filme que passou Há uns tempos na televisão, até mostrava a rainha a comer o coração. Mas afinal o que ela come são os pulmões e o fígado (o caçador engana a rainha é claro). A visão da rainha foi mudando, a Disney transformou-a numa mulher bonita, mas em certas versões é feia. Ao que parece a princesa acorda já no cavalo do príncipe…não há beijo. A rainha é obrigada a dançar com sapatos de ferro, tortura comum na idade média. A história da Branca-de-neve tem várias versões, consoante as regiões.
Sleeping Beauty
Esta é a versão de Perrault: o príncipe e a princesa tem dois filhos. no entanto, ele é convocado para uma batalha, deixando a princesa e os seus filhos ao cuidado da sua mãe ciumenta, que até então não sabia da existência do casamento do filho. Esta é descendente de Ogres e as suas tendências canibais provocariam a morte destes três, se não fosse a compaixão de um cozinheiro, que engana a sua majestade com carnes de animais. Por fim, quando o seu filho chega e descobre as tentativas de destruir a sua família, a rainha suicida-se ao saltar para um tanque repleto de sapos, serpentes e víboras que tinha preparado para a princesa.
Cinderella
Só falta a mosca morta mor: Cinderela. Estou a brincar, eu gostava muito dos desenhos animados. A história original é semelhante à actual. No entanto, a original é mais sangrenta: as irmãs da rapariga cortam os pés para caber no sapato. Uma corta um dedo e outra o calcanhar, ficando o sapato sujo de sangue. No final há umas pombas que lhes arrancam os olhos. Há também uma versão que diz que as irmãs e a madrasta foram torturadas, tal como tinha acontecido à rainha má da branca-de-neve.
Todos estes são contos tradicionais alemães (à excepção da pequena sereia) que foram recolhidos pelos irmãos grimm e mudados a fim de se ajustarem ao gosto infantil. Sem esta recolha provavelmente não tinham chegado até nós.
Quando era pequena via os desenhos animados e gostava. Mas agora assusta-me...a sério...Tenho a sensação que me escapa qualquer coisa, não consigo passar daquele nonsense superficial...acho tudo menos infantil.
Parece-me pouco conhecido o facto de Alice no País das maravilhas ter continuação. O livro é Through the Looking-Glassou Alice do Outro Lado do Espelho. Nesta continuação, Alice tem de ultrapassar vários obstáculos - estruturados como etapas de um jogo de xadrez - para se tornar rainha.
como eu disse não acho a história infantil, ou melhor não exclusivamente infantil. Refiro-me aos inúmeros jogos lógicos e matemáticos que aparecem ao longo da narrativa, bem como aos inúmeros trocadilhos de palavras e ironias. infelizmente estes jogos de palavras perdem-se com a tradução. É também uma crítica à sociedade vitoriana ( o livro foi publicado em 1865 e a continuação em 1871). Carroll ridicularizava a compostura exigida às histórias edificantes e moralistas que eram lidas na Inglaterra vitoriana. Um claro exemplo é o momento em que a sentenciosa Rainha Vermelha diz: "Fale só quando falarem com você". Alice observa que, se essa regra fosse seguida por todos, a conversa deixaria de existir. fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Alice_do_outro_lado_do_espelho.
Carroll era tramado (professor de matemática só podia), mas eu ainda hei-de conseguir acabar o livro. Vou na parte do jogo com os ouriços.
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