Os Filhos do Afecto
Os Filhos do Afecto de Torey Hayden
Edição/reimpressão: 2007
Páginas: 304
Editor: Presença
Preço: 17,67 €
Formada em psicologia e com uma vasta experiência na área da educação, desde 1979 que Torey Hayden tem vindo a escrever sobre o seu trabalho quotidiano com crianças com necessidades especiais. Em Portugal é conhecida sobretudo pelo livro “A Criança que não queria falar, que conta a história de Sheila, uma menina de seis anos vítima de maus-tratos. A continuação é A menina que nunca chorava.
Este “Filhos do Afecto” tem uma particularidade. Não se trata de uma turma previamente formada, mas de uma turma que se forma por ela mesma, com crianças tão díspares que nos perguntamos como poderiam conviver numa sala. Nesta altura a autora estava a trabalhar como professora de Estudo Acompanhado, pois tinha saído a lei que definia que todas as crianças com necessidades especiais deviam ser integradas no ensino normal. Quem leu A Criança que não queria falar irá com certeza lembrar-se da “lixeira”. No entanto, decide acolher uma criança autista: Boo com sete anos. Segue-se Lori, uma afectuosa menina que devido a maus-tratos ficou com lesões no cérebro que a impedem de reconhecer as letras e Tomaso, que foi expulso da escola por ser agressivo. A última a chegar é Cláudia, com doze anos, grávida. A rapariga que não sabia ler, o rapaz expulso da escola, a menina de doze anos grávida e a criança maluca.” E no entanto apoiam-se nos bons e maus momentos, criam laços, riem e choram. É a capacidade de superar as diferenças que torna este livro tão comovente. Estas crianças dão-nos uma verdadeira lição de vida. Ensinam-nos a amizade sem preconceitos, a apreciar as pequenas coisas, como os malmequeres a despontarem na Primavera e a neve nas vidraças. A beleza num mundo imperfeito.
Algumas situações, infelizmente, revelam quanto as pessoas podem ser ignorantes. Decididamente não são os estudos ou cursos que tornam as pessoas melhores ou mais esclarecidas. Há momentos neste livro que são verdadeiramente revoltantes (a páginas tantas há uma senhora, nada esclarecida, que pergunta a Torey porque perde tempo a ensinar aquelas crianças…). O mais revoltante ainda é situações destas se continuarem a passar hoje em dia. Além dos citados também já li Uma criança em perigo e A prisão do silêncio, mas destes não gostei tanto.