10 Dicas Para Ler Clássicos
Há uns tempos fiz uma lista com 10 razões para ler clássicos e agora decidi expandir o tema e fazer uma lista com algumas sugestões baseadas na minha experiência para quem não lê muito estes livros mas gostava de o fazer. Puxa, tudo isto soa super snob...Vamos lá:
1. Não ficar intimidado: "O livro fundador do romance moderno"; "melhor livro de não-ficção do século XX"; "Prémio Nobel no ano x"...Esqueçam isto tudo. O que quer que outras pessoas vos tenham dito sobre o livro. Leiam-no como se ele vos tivesse pousado suavemente no colo vindo de um reino mágico da qual vocês nunca ouviram falar.
2. E também esquecer as ideias feitas: que um clássico deve ser obrigatoriamente denso, que deve ter uma linguagem árida ou arcaica ou porque como já foi escrito há muito tempo já não está actual
– E o País, em que se emprega? – Nas secretarias. São salas onde homens tristes escrevem em papel almaço «Il.mo e Ex. mo Sr. (...)
– E de onde saem esses homens?
– Do liceu, que é um lugar com bancos, onde em rapaz se decoram bocados de livros – para ter o direito de não se tornar a ler um livro inteiro depois de homem.
3. Escolher algo que entusiasme: há por aí muitas listas de clássicos algumas organizadas por época, por género, há listas só com autoras...O que costumo fazer é pesquisar uns quantos títulos de cada vez para ver se a temática me agrada. Não têm que começar por ler aqueles mais conhecidos.
4. Minimizar as experiências traumáticas: há pessoas que torcem o nariz porque em tempos lerem um clássico da qual não gostaram...Escolham outro diferente, experimentem, abracem o livro com amor ou vão para o parque lê-lo e depois atirem-no para o fontanário. Como fazem com qualquer outro livro.
5. Partilhar a leitura com outros pode ajudar a tornar a coisa mais interessante. Com sorte conseguem convencer alguém a ler com vocês o Hamlet.
6. Uma vantagem dos clássicos é haver muito material disponível sobre eles à distância de um clique. Por exemplo, a quantidade de coisas que se encontram sobre a Alice: artigos, podcasts, projectos de arte...Também podem usar estes materiais para tornar a leitura mais interessante. Pesquisar factos sobre o autor e a época (pesquisar o contexto histórico ou político costuma ajudar bastante), ouvirem um autor que vocês gostam falar desse livro...Pesquisar palavras ou referências ao longo do texto.
7. Anotações: ninguém é menos inteligente por ter de fazer um esquema num papel para ordenar os acontecimentos do livro. Eu tive que escrever o nome de todas as personagens do Doutor Jivago numa folhinha...Anotar datas, nomes ou sublinhar as partes mais importantes.
8. Mas não leiam artigos que façam o livro parecer confuso: esta aprendi recentemente quando estava à procura de coisas sobre uma certa obra e tropecei num texto que parecia interessante, mas que ao fim de dois parágrafos se tornou inquietante de tão denso...Larguei-o logo.
9. Take your sweet time: parece-me um erro tentar aplicar o mesmo tempo de leitura a todos os livros. Um clássico policial lê-se mais depressa, mas não há grande benefício em ler a Anna Karenina de uma assentada. Às vezes é preciso fazer uma pausa para pensar na história ou para reler uma passagem...
10. Escolher obras mais pequenas: Quase todos os autores têm obras "menores" ou conjuntos de contos que ajudam a ficar familiarizado e que são igualmente excelentes. Também se encontram por aí várias listas com sugestões de livros para ler de uma penada.