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Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

TAG: livros & chá

“Merricat, said Connie, would you like a cup of tea?

Oh no, said Merricat, you’ll poison me.

Merricat, said Connie, would you like to go to sleep?

Down in the boneyard ten feet deep!”

 

Já há algum tempo que não faço uma coisa destas, com perguntas, então para relaxar do post anterior vamos a este que encontrei no Sweet Stuff e que consiste em relacionar livros com chás - não sou nada elegante pois não bebo chá a não ser que esteja doente. Mas também não bebo café a menos que tenha algo importante para fazer e esteja com muito sono, o sabor é péssimo - nunca percebi o que é que algumas pessoas pretendem provar quando dizem orgulhosamente que gostam do café muito amargo e que só comem chocolate negro...Mas independentemente do gosto em bebidas, todos podemos concordar que os livros são a melhor coisa. 

 

paparazzi gif | Tumblr | Lady gaga, Lady, Round sunglass women

 

- English breakfast: um livro que é uma leitura essencial

 

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- Earl grey: um livro clássico e sofisticado, mas com um toque especial

 

"What women have endured is not only the history of men, but also their own specific oppression. Extraordinarily violent. Hence this simple suggestion: you can all go and get fucked, with your condescension toward us, your ridiculous shows of group strength, of limited protection, and your manipulative whining about how hard it is to be a guy around emancipated women. What is really hard is actually to be a woman and to have to listen to your shit.”

(Teoria King Kong, Virginie Despentes)

 

- Chai: um livro exótico, que se passa num país diferente do teu

 

Quando li a primeira vez pensei que era erótico em vez de exótico e já ia lançada para recomendar o 1001 Sítios Para Fazer Sexo Antes de Morrer, que um dia aconteceu folhear, sendo assim coloco aqui descaradamente o meu mapa de viagens do ano passado

 

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- Chá de hortelã-pimenta: um livro revigorante

 

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- Chá verde: Um livro refrescante e ligeiramente diferente

 

Orlando, refrescante mesmo passado noventa anos, mas também:The Bloody Chamber da Angela Carter por tornar os contos tradicionais muito mais interessantes; As paixões de G.H e Constança H. por tantas razões, uma delas por conterem tantos sentimentos brutais, desesperados e nada bonitos; Lucy da Jamaica Kincaid, pela luta agridoce pela  independência num sítio novo de uma rapariga vinda de uma ilha do Caribe; The Colour Purple, porque laços profundos de amizade (e não só!) entre mulheres, especialmente negras, não é algo sobre o qual se leia todos os dias [pena que a autora tenha perdido um pirolito...]; The Hearing Trumpet da Leonora Carrington, por ser uma história fora do comum com senhoras de idade; A Guerra não Tem Rosto de Mulher por trazer à luz do dia histórias de mulheres que estiveram no inferno.

 

- Chá de camomila: Uma leitura aconchegante para a hora de deitar

 

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- Chá de rosas: Uma leitura florida e gentil

 

"It was midday. From the building's garden we could hear the shouts of children playing in the springlike weather. The plants near the window, enveloped in the gende sunlight, sparkled bright green; far off in the pale sky, thin clouds gently flowed, suspended. It was a warm, lazy afternoon (...) There we were, eating breakfast, all sorts of things set out directly on the floor (there was no table). The sunlight shone through pur cups, and our cold green tea reflected prettily against the floor."

(kitchen, Banana Yoshimoto. Gentilmente melancólico)

 

- Açúcar: um livro doce

Patience and Sarah, Isabel Miller

 

A leitora apresenta-se

Vi por aí esta espécie de desafio que consiste em numerarmos dez curiosidades literárias sobre nós - parece uma coisa gira de se fazer quando se abre um blog e vocês querem dar uma ideia de quem são enquanto pessoas que lêem, nem tanto quando o dito blog já tem dez anos... Mas acontece que esta é mais uma daquelas alturas em que tem de se aproveitar o que está à mão - especialmente porque estou constipada [nada de grave] e não me apetece pensar. Para tornar isto mais interessante coloco aqui uma rara foto minha a ler: 

 

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(Tirado daqui)

 

1. Geralmente quem lê diz que não há nada melhor do que chegar a uma livraria e comprar aqueles livros que queríamos muito, mas sair de casa com outra intenção e de repente encontrarmos um sítio a vender livros como uma feira, podendo lá estar coisas que nos interessam ou não...Não sabemos. É ainda melhor. E dá para comprar o dobro ou triplo. Tenho saudades disso.

2. O primeiro livro que li deve ter sido um álbum do Calvin - aquele em que, antevendo já a exploração espacial, eles vão para Marte no carrinho. Os miúdos de hoje não fazem ideia do que estou a falar. 

 

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3. Não ter tido nenhuma experiência traumática com as leituras obrigatórias, gostei da maior parte, também se ficou a dever ao facto de nem o Amor de Perdição nem As Viagens na Minha Terra fazerem parte do currículo. Depois de os ter lido passei a olhar com um pouco mais de consideração para os espectros fatais. Não que eu ache que o problema de os miúdos não lerem é das próprias obras. Ah uma opinião controversa!

4. O Mr. Darcy é altamente sobrevalorizado. A minha ideia, que irei colocar em prática um dia, de ler todos os livros por ordem não tem como objectivo um enriquecimento literário, é apenas para provar este ponto. 

5. Se já levaram livros para os lugares mais improváveis onde ninguém espera que pessoas estejam a ler, têm a minha solidariedade. Até para o cinema já levei livros, em papel mesmo. 

6. Gostava de me lembrar das partes racistas de Os Maias, mas na verdade as três coisas que me lembro melhor da obra inteira são por esta ordem: as queijadas, as ervilhas com chouriço e a pinta na mama da Cohen. A memória tem estranhos processos.

7. Uma pergunta que suscitaria respostas interessantes: quando foi a primeira vez que encontraram uma cena picante num livro. Não me lembro, mas lembro-me quando encontrei a palavra orgasmo. Tive certas dúvidas, mas sabiamente guardei-as para mim mesma. 

8. Da primeira vez que tentei ler O Cão dos Baskervilles e a Alice no País das Maravilhas, requesitados na biblioteca da escola, não consegui acabar nenhum dos dois. Achei o primeiro demasiado assustador e o segundo demasiado nonsense. As crianças costumam ser boas a lidar com o nonsense - nenhum ser humano em outro estágio da vida podia perseverar em Wonderland. E cresci nos noventa, criar desenhos animados que fizessem sentido não era uma prioridade (e alguns não passariam hoje). Mas eu era um bocado sensível. São óptimos livros.

9. Hoje devem existir edições mais completas, mas a minha edição do Diário de Anne Frank é antiga e não dá detalhes do que aconteceu a seguir, resumindo tudo numa dúzia de linhas. Sempre achei esta economia de palavras ominosa, não sei porquê...

10. Continuo a achar estranho o hábito de saltar partes de um livro (e continuo a achar que as partes do Levin na Anna Karenina não devem ser passadas à frente, como algumas pessoas advogam), não vejo nada de errado em deixar um livro a meio e voltar a ele no futuro (ou nunca), mas se saltarem partes depois podem considerar o livro lido, no final do ano?

 

Tag: regresso às aulas

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Fui desafiada pela autora do Sweet Stuff para responder a esta tag rápida sobre aulas e livros. A única parte boa do processo era comprar o material. Ter coisas novas era excitante, até mesmo uma simples caixinha de clipes coloridos. Tinham de ser coloridos, pois a seriedade mata a alegria de viver. Quando uma pessoa começa a preferir canetas elegantes em vez daquelas com patinhos é porque a chama da sua vida já se está a apagar. Para ser justa, os manuais novos também eram entusiasmantes. Até os de matemática e química porque tinham capas brilhantes e cheiravam bem. Umas semanas depois eu de bom grado os queimaria numa fogueira. Ok, vamos às perguntas:

 

1. Português (ou Língua Estrangeira) - um autor que escreve num estilo que adoras

Clarice e Virginia (não sei se percebi bem, mas o meu coração está a sentir coisas); Shirley jackson (este bolo tão bonito tem dentes); Carson McCullers (solitários e estranhos); Muriel Spark (dark humor); Banana Yoshimoto (reflexivo e nostálgico)

 

bookcover.jpg

(Kitchen, capa de Heeijin Park)

 

2. Matemática - um livro que te deixou frustrada

Rebecca

 

3. Ciências - um livro que te deixou a pensar, ou que te fez questionar a forma como vês o mundo

Alguns recentes:

Ain't I a Woman: Black Women and Feminism, bell hooks 

Hope in the Dark, Rebecca Solnit 

Eichmann in Jerusalem: A Report on the Banality, Hannah Arendt 

Witches, Witch Hunting And Women, Silvia Federici 

 

4. História - o teu livro preferido passado noutra época

Jane Eyre e North And South

 

5. Desenho/Artes Visuais - o teu livro com ilustrações preferido (infantil, graphich novel, bd, etc)

Qualquer um dos livros ilustrados sobre mulheres que li até agora (o das Cientistas e o da Frida não resenhei, devia tê-lo feito porque são uma belezura, os outros resenhei - aqui e aqui). 

 

6. Hora de Almoço - Um prato de um livro que adorarias experimentar

Delícias Turcas

(doces contam, certo?)

 

7. Chegar a casa depois das aulas - Um livro com um efeito relaxante

 

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(Não sei porque é que parei no segundo ou terceiro volume da série, tenho de voltar. Não será sempre relaxante, mas é )

 

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Quem Escreve Aqui

Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem gracinha * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * alergia ao pó e a fascistas * Blogger há mais de uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio e insultar, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita!

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