O Frango da Tristeza
Por incrível que pareça a minha primeira ideia era abrir um blog sobre livros porque não tinha quase ninguém com quem falar sobre eles e pensei puxa estas pessoas da internet vão amar as minhas opiniões! Ainda bem que não o fiz: não sou organizada o suficiente, em especial agora que leio várias coisas ao mesmo tempo e em que há dias em que acabo dois livros de seguida (por ter andado a ler os dois e estarem ambos quase no fim) e porque nem sempre tenho paciência para escrever sobre isso. Pelo menos sem acabar enredada num texto com vários parágrafos que terei de andar a rever e com o qual é provável que não fique satisfeita.
Ter um blog é duro. E ainda é pior quando não se tem uma vida animada que deve obrigatoriamente incluir: viagens (uma ida ao Colombo não conta a menos que encontrem lá a Meghan Markle. Ela está em todo o lado, é só uma questão de estarem atentos), refeições em sítios na moda (aquele frango óptimo que fazem numa churrascaria perto da vossa casa não conta. Escusam de andar a por espuma de sabão em cima do peito do frango a fingir que é espuma de flor de sabugueiro azul da Tailândia colhida por virgens à meia-noite), últimos lançamentos de qualquer coisa ou as gracinhas do vosso rebento (cobras também servem desde que tenham um chapéuzinho. Amo fotos de cobras e pintinhos com chapéus!) Às vezes não sei sobre o que hei-de escrever...Não que os meus dias sejam todos aborrecidos. Por exemplo, há dias encontrei um gato num muro e fiz-lhe festas e isso foi sem dúvida um ponto alto. Todos queremos ser super espectaculares e ser amados.
E torna-se difícil admitir que comemos frango frio com as mãos em pijama em frente à TV enquanto aquele tipo tão promissor está a comer outra coisa (ele nem sabia o vosso nome, esta é a verdade). É melhor arranjarmos um subterfúgio. Ou simplesmente admitir que essa é a descrição de uma Sexta-Feira normal. Andamos desesperados por amor...Mas todos nós podemos contribuir para atenuar o problema dizendo o quanto gostamos uns dos outros! Eu amo toda a gente. Bem, não toda. Algumas como o velho que me chamou gorda na rua, os condutores que me ignoram na passadeira e passam a alta velocidade ou o tipo que decidiu ouvir Rádio Amália muito alto em frente à minha janela: Ou a besta que atropelou a porra do gato acima mencionado (sério). Estas não merecem.