Carlota ainda dentro da máquina
Nunca vou perceber a insistência em colocar alunos a fazer exames, por mais tempo que passe. Com excepção dos exames para admissão a uma instituição (também não sou fã, mas tem de ser), todos os outros são uma inutilidade. Mas quem, com toda a franqueza, acha boa ideia sujeitar crianças da primária a semelhante coisa? Outras inutilidades: chumbos, horas extras disto e daquilo, ter os miúdos fechados todos os dias numa sala a passar coisas de um quadro. Uma vez quando eu andava no básico plantámos flores - é verdade: tivemos de desenhar e fazer uma cerca e depois mexer na terra para colocar as flores. Mexer em terra negra e com minhocas não soou muito apelativo no momento, mas pelo menos estávamos fora da sala. Pobre Carlota, se desvia os olhos para a janela atrasa-se a passar a matéria. Ainda bem que ela em breve terá a sua capacidade imaginativa reduzida ao mínimo. Também temos a tradição secular de ensinar as coisas no vácuo, e daí que 90% do que se ensina pareça não ter real importância. Comecei a pensar que um sistema destes não era muito bom quando tinha uns sete anos e queriam que pegasse na caneta com os dois dedos como toda a gente - ninguém me explicou porque é que toda a gente tinha de fazer assim.