Amor no ar, mas não aqui
Esta parece-me uma boa altura do ano para falar aqui de novo do flagelo que são as pessoas que insistem em dizer que certos livros são bonitas histórias de amor. Há uns anos alguém num blog dizia que o Monte dos Vendavais era um livro muito romântico - só que não no sentido convencional...Era sobre o lado negro do amor. Achei isto incrível. Nem falando do crítico literário que disse que a Lolita era a melhor história de amor do século XX. Não sei quem foi a primeira pessoa a pegar em qualquer destes livros e a colocá-los nessa categoria, mas essa pessoa cometeu um erro. Eles são muita coisa, mas não histórias de amor. De modo nenhum. Para começo de conversa isso de o lado negro do amor não existe: se a vossa relação passa para o lado negro isso já não é amor e vocês devem sair dela o mais depressa possível. Ninguém que esteja no seu juízo perfeito vai desejar ter um Heathcliff ou uma Catherine na sua vida. Também tenho algumas dúvidas sobre rotular livros como o Grande Gatsby de lindas histórias românticas. Gostei dos três, mas com toda a franqueza. Até o próprio Nabokov vos daria um calduço se vos ouvisse dizer que a sua obra é uma história de amor. Infelizmente e como bem sabemos hoje encontram-se vários "livros", alguns cujo nome não deve ser pronunciado, que romantizam o abuso...Até YA fazem isso. É tão nojento. Não promovam isso gente. Abuso sexual e verbal, stalking e violência doméstica não são amor. Essas fantasias na vida real acabam com um dos elementos sete palmos abaixo do chão. E quanto a isto ser tudo uma questão de interpretação como algumas pessoas afirmam, vamos pedir opinião ao nosso amigo patinho: