A leitora contabilista
Como é sabido nesta altura do ano o pessoal confronta-se com os implacáveis números referentes às leituras que foram feitas. Normalmente há estes dois grupos: os que estão orgulhosos porque tinham planeado ler 10 livros e acabaram a ler 50 e os que não estão orgulhosos porque tinham planeado ler 50 e acabaram a ler 10...Os leitores conseguem complicar muito as suas vidas, como também se pode ver pela multiplicação de planos e desafios para 2018. Alguns são giros, mas outros são insanos: livros cujo o título seja uma aliteração, technothrillers, de culinária, sem palavrões, com um plot twist, com unicórnios azuis na capa...A vida é imprevisível: vocês não têm como saber se em Março a vossa percepção dos unicórnios não terá mudado completamente ou se em Outubro vocês não serão os únicos sobreviventes da invasão e encontram uma única estante só com edições da Anna Karenina quando o que tinham planeado ler era o D. Quixote. A única utilidade real destas contabilidades é podermos introduzi-las casualmente em conversas com quem não gosta de ler. Vamos sempre passar por grandes leitores, não importa qual seja o número que digamos, e por gente sem vida e isso é giro.