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Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Desabafos Agridoces

"Enfim, bonito e estranho, desconfio que bonito porque estranho"

Desigualdade: não existente

Como já contei, quando comecei a ler sobre feminismo fiquei tão entusiasmada que quis logo escrever sobre isso aqui. Claro que não demorou muito até perceber que nem toda a gente estava no mesmo comprimento de onda. Nada a que não me viesse a habituar, mas as pessoas que simplesmente negam que o problema exista continuam a ser até hoje uma coisa de fazer espécie. Não há conversa que se possa ter com alguém que parte de tal pressuposto. Creio que a maioria das pessoas não negam que mandar uma deputada para a cozinha no meio de uma sessão é inapropriado [apesar do modo como continuamos a educar as meninas]; que existe violência doméstica [menos quando a mulher em causa é má fada do lar, teimosa, chata...] ou abuso sexual [menos se ela estiver bêbeda ou vestida de tal modo ou...], mas é enorme a quantidade de situações a que não se liga ou que se acham engraçadas até. Outro dia estava a ler um livro e dizia qualquer coisa como - "kate é aplicada, mas gary tem um dom". Quantas vezes se invertem estes adjectivos?

 

É um facto já estudado: do rapaz que tira boas notas diz-se que é inteligente ou talentoso. Da rapariga diz-se que é trabalhadora ou esforçada [não cheguei acabar o livro - o autor dizia também coisas como "bater como uma menina" e mandei-o ir dar uma curva]. Às vezes as pessoas reconhecem que existe desigualdade em outros países (far far away), mas mais dificilmente aquela que está mesmo à frente do seu nariz. Mais depressa a sociedade reage a situações racistas ou homofóbicas, apesar de tudo. Não tem graça ouvir, por exemplo, crianças dizerem coisas preconceituosas e então também não devia ter graça ouvi-las dizer coisas sexistas. Tenho de citar a Chimamanda: "Lembra como a gente riu com um artigo atroz que saiu sobre mim uns anos atrás? O autor me acusava de ser “raivosa”, como se eu tivesse de me envergonhar por sentir “raiva”. Claro que tenho raiva. Tenho raiva do racismo.Tenho raiva do sexismo. Mas eu recentemente percebi que tenho mais raiva do sexismo do que do racismo. Pois na minha raiva do sexismo eu com frequência me sinto sozinha. Pois eu amo e vivo entre muita gente que facilmente reconhece a injustiça racial, mas não a injustiça de género".

 

Não é só o problema de existir tanta gente que parece incapaz de reconhecer que a desigualdade de géneros existe, mas algumas ainda vão dizer que é tudo vossa culpa: vocês vêem problemas em tudo porque são raivosas (ou usam exemplos de mulheres de sucesso para provar que está tudo na vossa cabeça, uma vez num comentário aqui alguém tentou usar esta técnica. Verdade. Ou que antes existia desigualdade mas agora já não - pessoas muito à frente do seu tempo, que podemos fazer). O ano passado decidi recolher todas as notícias\conteúdos sexistas que fui encontrando ao longo de uma semana e juntei tudo num post - e podia fazer um post assim todas as semanas se tivesse estômago. Nunca é demais este conselho: não discutir estes assuntos com certas pessoas - é o mesmo que tentar debater semiologia com a estante do ikea que tenho atrás de mim.

Quem Escreve Aqui

Feminista * plus size * comenta uma variedade de assuntos e acha que tem gracinha * interesse particular em livros, História, doces e recentemente em filmes * talento: saber muitas músicas da Taylor Swift de cor * alergia ao pó e a fascistas * Blogger há mais de uma década * às vezes usa vernáculo * toda a gente é bem-vinda, menos se vierem aqui promover ódio e insultar, esses comentários serão eliminados * obrigada pela visita!

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