Frágil
Frágil, de Jodi Picoult
Edição/reimpressão: 2009
Páginas: 498
Editor: Civilização Editora
Preço: 15,83 €
Mais um livro de Jodi Picoult que nos mostra até onde pode ir o amor de uma mãe por um filho. Charlotte e Sean O´Keefe têm duas filhas: Amelia de treze anos e Willow de seis. Não têm nada que os distinga de outras tantas famílias, excepto uma coisa: Willow sofre de osteogénese imperfeita, também conhecida por doença dos ossos de vidro. A falta de colagénio faz com que os seus ossos se partam com extrema facilidade, basta um espirro para fracturar uma costela. Os pais, sem dinheiro para os dispendiosos tratamentos, decidem por um processo à obstetra, por esta não ter previsto a doença de Willow quando era possível abortar. O dinheiro da indemnização poderia garantir o futuro da filha, mas para isso Charlotte teria que ir a tribunal dizer que preferia que a filha não tivesse nascido. E há outro problema: a obstetra é a sua melhor amiga. Um drama poderoso sobre aquilo que éramos capazes de fazer por alguém que amamos.
Que direito tem Charlotte de destruir a vida da melhor amiga apenas por dinheiro? Por outro lado, como podia ver a filha a precisar de tratamentos e não fazer tudo o que pudesse? Somos confrontados com o dilema ético, que Picoult explora sob a perspectiva das diversas personagens, permitindo-nos ver as dificuldades da família em lidar com Willow, mas também os laços que se criam (belíssima a parte em que mãe e filhas patinam no lago). Tal como tinha acontecido em Para a minha irmã, a autora não se centra só no problema ético (não têm as crianças com deficiência o mesmo direito à vida que as outras?), mas também no quotidiano da família com todas as implicações que o problema de Willow traz: as quedas, as idas ao hospital…Uma realidade que por vezes nos passa ao lado. Inevitavelmente a doença afecta a vida familiar e as relações que se estabelecem: as intervenções de Amelia são interessantes para compreender isto (tal como eram as de Jesse). Apesar de tudo, Willow tem uma inteligência e perspicácia que nos deixam boquiabertos:
“(…) quase atropelei uma menina que estava a entrar pela porta do hospital (…) vestia um tutu cor-de-rosa e calcava botas de borracha com rãs na ponta. Era completamente careca (…) – aquela menina mamã (..) porque tinha aquela aspecto?
- porque está doente e fica assim quando toma os remédios dela.
- tenho tanta sorte…os meus remédios deixam-me ter cabelo.”
Cada capítulo abre com uma receita, tema que está subjacente a todo o livro, visto Charlotte ser pasteleira. Eu gostei do livro, mas achei um pouco aborrecido. Há um incidente inicial e depois a história desenrola-se lentamente até ao julgamento. O final surpreendeu-me bastante….